O Programa do XXIII Governo Constitucional começou esta quinta-feira a ser debatido no Parlamento, em sessão plenária, aberta pelo primeiro-ministro, António Costa.
Recorde-se que, independentemente das considerações dos restantes partidos, o documento do recém-empossado Executivo tem aprovação garantida, devido à maioria absoluta que o Partido Socialista (PS) obteve nas legislativas. Esta sexta-feira, segundo e último dia de debate, os deputados irão votar uma moção de rejeição ao Programa do Governo, apresentada pelo Chega, cuja bancada, 12 deputados, deverá ser a única a votar favoravelmente.
Na primeira intervenção que fez no debate, o presidente do Chega disse que os portugueses esperavam "um programa de governação" e questionou António Costa sobre se este "desconhece que há uma guerra no leste da Europa", que "os bens alimentares aumentaram ou estão a aumentar 30%" ou que os portugueses pagam "uma fortuna em combustíveis".
"Não desconhece, não sabe é o que há de fazer e por isso é que isto não é um Programa do Governo, isto é o seu programa eleitoral, é a sua propaganda para encher os portugueses em casa, porque não sabe o que há de fazer em relação a esta matéria", afirmou André Ventura respondendo à sua própria pergunta e apontando ainda que o documento em debate "ignora a inflação".
André Ventura criticou as escolhas de António Costa para o novo executivo, dizendo que "tem os mesmos governantes que teve José Sócrates no último Governo" e lembrando que foi o atual ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva quem "escreveu a moção de José Sócrates em 2009", concordou com o "saneamento de jornalistas" e que "estava a ganhar 4.500 euros para preparar o 25 de Abril daqui a três ou quatro anos quando há pensionistas a receber 600 euros por mês".
Relativamente à ministra da Defesa, o líder do partido mais à direita referiu que, estando "em período de guerra é estranho não ter nenhuma experiência política nem militar", sendo que, relativamente a Fernando Medina, ministro das Finanças, questionou "como é que vai reduzir qualquer dívida" quando "deixou 676 milhões de dívida na Câmara de Lisboa, que liderou até 2021.
Ainda fazendo referência a Fernando Medina, André Ventura criticou o primeiro-ministro por ter convidado para o Governo "o homem que deu os dados à embaixada russa sobre os ativistas que estava a proteger", acrescentando que a a sessão parlamentar com Volodymyr Zelensky será uma oportunidade para dar um "puxão de orelhas ao ministro das Finanças".
António Costa não comentou parte da intervenção do líder do Chega e ironizou: "Creio que era um 'casting' que estava seguramente a fazer para comentador televisivo, agora numa nova área que não o futebol. E portanto aí deixo-o a disputar com o doutor Marques Mendes, a disputa não é comigo".
"Quanto à questão da inflação, o senhor deputado tinha feito um bom trabalho de casa, tão bom, tão bom que não se deu sequer ao trabalho de ouvir aquilo que eu disse. E portanto não ouviu nada das medias que eu anunciei, nem para o controlo do preço dos alimentos, nem para o controlo do preço dos combustíveis", criticou António Costa, apontando que "como este debate dura dois dias vai ter tempo depois de estudar" a sua intervenção inicial.