O Debate na Especialidade da proposta socialista de Orçamento do Estado para 2022 resultou, ontem, no chumbo de duas propostas da esquerda que previam o fim dos Vistos Gold.
As propostas foram apresentadas pelo Bloco de Esquerda e pelo PCP, respetivamente, sendo que diferiam no facto de os comunistas preverem, além do fim deste programa, também a revogação deste regime, com o argumento de que “os dados mostram que todos os objetivos maiores da consagração deste mecanismo saíram gorados: até dezembro de 2021, foram atribuídas 10.254 autorizações de residência, dos quais 9.585 por via de compra de imóveis; 649 por transferência de capital e apenas 20 por criação de postos de trabalho. Quase não houve investimento produtivo ou gerador de postos de trabalho e, ao invés, há uma clara contribuição para a especulação imobiliária e para a criação de dificuldades no mercado do arrendamento para habitação”.
“Os vistos gold apenas servem os oligarcas que querem lavar as suas fortunas. Não servem a população em nenhuma parte do país, apenas a prejudica. Por isso mesmo, o Bloco propõe a sua eliminação”, comentou o Bloco de Esquerda, através de um tweet onde partilhava a intervenção da deputada Mariana Mortágua no plenário, onde acusou: “Sabemos bem para o que servem os vistos gold, e sabemos bem quem os compra e para que os compra: China, Angola, Rússia. Regimes autocráticos onde germinam elites parasitárias que vão às compras de imobiliário na Europa em troca de um visto de residência e de uma oportunidade para lavarem as fortunas.”
Nas suas declarações, Mariana Mortágua apontou ainda armas a Augusto Santos Silva, atual Presidente da Assembleia da República e antigo ministro dos Negócios Estrangeiros. “Sabia, quando viajou até à Rússia, já depois da invasão da Crimeia, que estava a promover vistos gold, e sabia quem os queria comprar: oligarcas russos, tais como oligarcas chineses, tais como oligarcas angolanos, que usam os vistos gold para lavarem as suas fortunas”, disparou a deputada, acusando os vistos gold de não serem bons “nem em Lisboa, nem no Porto, nem em lugar nenhum deste país”.