Cavaco fala em degradação do SNS e da escola pública e pede mais a Costa

Ex-Presidente defende que SNS devia ser alvo de “reestruturação” e avisa que verbas comunitárias devem ser aplicadas “de forma inteligente”.

O ex-Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, participou, na terça-feira, numa conferência de reflexão dos 48 anos da Democracia, em Fafe, onde ressalvou os feitos da democracia, como o Serviço Nacional de Saúde, mas também a degradação dos mesmos “nos últimos anos”.

Numa altura em que o Governo está sob pressão por causa dos problemas nos serviços de urgência, com Marta Temido no centro das críticas dos profissionais de saúde, Cavaco Silva referiu que “nos anos mais recentes verificou-se uma degradação dos serviços prestados aos utentes no SNS, fazendo emergir como grande prioridade a sua reestruturação”.

Também as políticas na educação mereceram uma crítica do antigo primeiro-ministro. Durante esta iniciativa realizada no Teatro Cinema de Fafe, moderada por Marques Mendes, lamentou que a escola pública esteja a “revelar dificuldades em atrair professores e a sua qualidade [esteja] a ser posta em causa”.

O ex-chefe de Estado sublinhou contudo o “avanço significativo de acesso”, que era um fator crítico da “efetiva igualdade de oportunidades, do combate à exclusão social e à mobilidade intergeracional”.

Cavaco destacou também a “melhoria na justiça, na distribuição do rendimento, a generalização do direito à pensão de velhice e invalidez e subsídio de emprego e construção de equipamentos para acolher os mais frágeis”.

Por outro lado frisou que, apesar das melhorias ao longo dos anos de democracia, António Costa pode fazer “mais e melhor”, recordando “o muito que o país tem beneficiado dos fundos europeus” e alertando também para a “necessidade de os aplicarmos de forma inteligente e de criar mais valor acrescentado em Portugal”.

“É difícil imaginar a gravidade da crise económica, financeira e social em que estaria Portugal na sequência da pandemia, se não pertencesse à União Europeia e à Zona Euro, sem acesso ao Banco Central Europeu”, sublinhou, apontando ainda o dedo aos “erros de política económica” cometidos pelos Executivos de José Sócrates que fizeram com o que o país não tivesse tirado pleno partido da adesão à Zona Euro.