Ventura diz que PM “não é historiador” e Costa admite que não viu debate de urgência sobre Saúde

No primeiro debate parlamentar, o primeiro-ministro e o líder do Chega protagonizaram momentos de tensão sobre a crise do SNS e o pedido de demissão de Marta Temido. Ventura não gostou da forma como Costa estava a encarar as suas perguntas, o que o levou a acusar o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, de…

Os debates parlamentares estão de volta ao hemiciclo depois de quase oito meses sem haver um grande confronto entre o Governo e os partidos sobre política geral na Assembleia da República. O Sistema Nacional de Saúde (SNS) e a sua crise é o tema quase sempre puxado para cima da mesa, nomeadamente por André Ventura, líder do Chega, o que provocou os primeiros momentos de tensão entre este e o primeiro-ministro nesta legislatura.

Após a primeira intervenção do líder parlamentar do PSD, onde Paulo Mota Pinto criticou a ação do Governo no setor da Saúde e pediu a demissão da ministra Marta Temido, Ventura inicia a sua participação ao pressionar novamente nesta tecla.

Para Ventura, chegou o “tempo” de o Governo assumir a responsabilidade pela atual situação do SNS, ao dizer que António Costa “é primeiro-ministro de Portugal, não é historiador”, referindo-se às menções que o chefe do Governo disse sobre os erros do passado, praticados nomeadamente pelos executivos de Cavaco Silva e Passos Coelho.  

"A ideia que isto é culpa do Cavaco Silva, do Passos Coelho, da guerra ou do Putin, não é verdade", assinalou o líder do Chega, ao mencionar as notícias sobre os fechos dos hospitais, das urgências de obstetrícia e ginecologia em vários pontos do país nas últimas semanas.

André Ventura questionou ainda Costa sobre como é possível "manter a confiança" em Marta Temido, cuja liderança tem sido um “desastre”, recordando ainda o caso do ex-ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita: "Seja primeiro-ministro por um dia", apontou.

Ventura insistiu ainda que tinha uma pergunta que insistiu que deveria ser respondida pelo chefe do Governo socialista: se o primeiro-ministro viu o debate de urgência em que participou Marta Temido.

Depois de muita premência, Costa respondeu ao admitir que não viu o debate. Uma resposta que deixou Ventura num estado de “incredulidade”, indicando que o primeiro-ministro “não se importa com a morte de um bebé nas Caldas da Rainha". Este momento no hemiciclo levou Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda, a abandonar a Assembleia da República, regressando depois para a sua intervenção.

Já na resposta ao líder parlamentar do PSD, António Costa tinha sublinhado que o lugar de Marta Temido não estava à disposição, e para o líder do Chega, a resposta também não foi diferente, porém justificou-se sobre o facto de não ter assistido ao debate de urgência.

"Se não estivesse tão exaltado e preocupado em abrir telejornais e fazer números para as televisões, teria reparado que estive todo o dia a ouvir os grupos parlamentares sobre a adesão da Ucrânia", apontou.

E Ventura respondeu com humor: "há uma aplicação nos comandos que dá para voltar para trás", ao que Costa reiterou: "Eu quando chego a casa a última coisa que tenho vontade é de andar para trás para o ouvir a si na televisão".

De seguida, assistiu-se a uma troca de pequenas intervenções dos dois líderes, com Ventura a usar poucos segundos para ter assim mais tempo para fazer perguntas e Costa a repetir as suas respostas de forma suscita, explicando rapidamente as medidas do Orçamento do Estado que foram adotadas.

O final desta discussão não menos acesso do que o início. Ventura indignou-se quando Costa disse que responderia às perguntas sobre o aumento do custo de vida "por agregado".

"Era o que faltava. O primeiro-ministro não é presidente do Parlamento, há um presidente da Assembleia da República que tem de respeitar e um conjunto de portugueses. Neste debate, o primeiro-ministro responde imediatamente”, exigiu o deputado do Chega, que, nos últimos segundos, acusou o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, de “complacência” perante a atitude do primeiro-ministro. Santos Silva apenas disse que não intervém a pedido de terceiros.

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