Rússia volta a atacar zonas que acordou deixar em paz

A região ucraniana de Odessa, assim como outras, foram alvos de novos ataques russos.

Apesar do acordo assinado há poucos dias para desbloquear as exportações de cereais ucranianos, em que ambas as partes se comprometiam a não atacar portos e navios, nomeadamente na região de Odessa, a Ucrânia acusa a rússia de faltar ao prometido.

As forças russas atacaram diversos edifícios privados nesta região, nas primeiras horas da manhã. Num vídeo publicado nas redes sociais pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, é possível ver casas a serem destruídas em Zatoka, uma estância balnear popular do Mar Negro, perto de Odessa.

“É de manhã. Uma vila comum de Zatoka. As pessoas estavam a descansar e a viver. Sem defesas, sem tropas. Os terroristas russos só queriam atirar”, escreveu, num comentário à publicação do vídeo.

O comando sul do exército ucraniano informou, entretanto, que estavam a ser realizados “ataques maciços de mísseis no sul da Ucrânia, com uso de aviões do Mar Negro”.

“Em Odessa, edifícios residenciais na costa foram atingidos sem causar vítimas, segundo informações iniciais”, disse o exército, em comunicado divulgado no Facebook, sublinhando que a infraestrutura portuária da região de Mykolaiv foi atingida.

O governador regional de Mykolaiv, Vitali Kim, também relatou, hoje de manhã, um “ataque maciço”, divulgando um vídeo que mostra inúmeras explosões e fumo preto.

“Uma infraestrutura crítica e uma empresa de automóveis foram atingidas sem causar vítimas, de acordo com informações preliminares”, escreveu na aplicação de mensagens por telemóvel Telegram.

“Os mísseis também atingiram a periferia da cidade e houve tentativas de danificar a infraestrutura portuária”, acrescentou.

O acordo que supostamente iria impedir novos ataques das forças russas nesta região foi assinado esta sábado, mas, horas depois deste ter sido celebrado, apesar de numa primeira instância a Rússia ter negado a autoria do ataque, a porta-voz da diplomacia russa afirmou, este domingo, que os mísseis russos destruíram a infraestrutura militar do porto de Odessa, que é essencial para a exportação de cereais ucranianos.

“Os mísseis Kalibr destruíram a infraestrutura militar no porto de Odessa, com um ataque de alta precisão”, escreveu Maria Zakharova na rede social Telegram.

Esta confirmação surge após Volodymyr Zekensky afirmar que os ataques contribuíram para zero tolerância de diálogo ou de um acordo com Moscovo, classificando estes ataques como uma “barbaridade”.

Era esperado que a Ucrânia voltasse a exportar cereais dos seus portos esta semana, com os primeiros navios a deslocarem-se do Mar Negro nos próximos dias, contudo, não se sabe se estes novos ataques irão alterar os planos de Kiev.

Além desta região, também Kharkiv e Mykolaiv foram alvos de ataques aéreos. 

Erdogan vai reunir-se com Putin O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, vai encontrar-se com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, em Sochi, no Mar Negro, a 5 de agosto, informou a presidência turca.

A reunião servirá para os dois líderes discutirem problemas regionais e relações bilaterais, disse a agência de notícias Interfax, que citou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

Alegadamente, as relações entre a Turquia e Rússia terão piorado depois dos mais recentes ataques à cidade portuária de Odessa, uma vez que Erdogan, juntamente com as Nações Unidas, serviu como intermediário na assinatura do acordo e permitiram o embarque de cereais da Ucrânia para fora do território.

Os corredores para o escoamento de cereais da Ucrânia serão monitorados por um centro de coordenação em Istambul, cuja abertura está prevista para esta quarta-feira.

Contudo, a Rússia também tem demonstrado preocupação com as ameaças de Erdogan em lançar uma nova incursão militar contra os curdos no norte da Síria, uma vez que Moscovo é aliada do regime de Bashar al Assad, enquanto Ancara apoia grupos rebeldes.

Tanto Putin quanto líderes iranianos pediram a Erdogan que não lançasse uma nova ofensiva síria na semana passada. Analistas acreditam que a Turquia preferiria obter a aprovação da Rússia e do Irão antes de iniciar uma nova campanha contra militantes curdos no norte da Síria que Ancara vê como “terroristas”.