Luís Marques Mendes brindou os alunos da Universidade de Verão (UV) do PSD, na quarta-feira, com um extenso leque de previsões políticas para os próximos anos. Na leitura do antigo líder social-democrata, o PSD tem hipóteses de vencer as próximas legislativas, Pedro Nuno Santos será o próximo líder do PS, Duarte Cordeiro será um potencial candidato do PS à Câmara de Lisboa e Rui Moreira poderá não cumprir o mandato até ao fim na Câmara do Porto.
Desafiado pelo diretor da UV, o antigo eurodeputado Carlos Coelho, a traçar uma antevisão do ciclo eleitoral que começa com as europeias em 2024, continua em 2025 com autárquicas e termina em 2026 com legislativas e presidenciais, o analista político mostrou-se otimista com um resultado do PSD para esse horizonte.
“Há uma grande oportunidade de o PSD ao fim de nove anos poder finalmente ganhar uma eleição. O PSD pode ganhar as eleições legislativas e liderar um governo”, vaticinou, sustentando a sua tese na convicção de que, no momento dessas eleições, Pedro Nuno Santos será líder do PS.
“Em 2026, já não haverá António Costa a liderar o PS e a liderar essa campanha eleitoral. António Costa sairá seguramente antes e, provavelmente, o seu sucessor será Pedro Nuno Santos”, vaticinou, referindo ainda que há um “drama” associado ao futuro do primeiro-ministro.
“Toda a gente sabe que ele adoraria ter um cargo europeu e se não tivesse havido eleições antecipadas, provavelmente, no próximo ano António Costa já não iria disputar eleições para em 2024 poder ocupar um cargo europeu. Só que as circunstâncias mudaram.”
Para Marques Mendes, as eventuais ambições de António Costa podem introduzir “uma frustração pessoal e política enorme”. E puxou a fita atrás, numa referência a António Guterres, que abandonou um Executivo que se arrastava de forma penosa para se dedicar à política externa.
“Ter um primeiro-ministro, como já tivemos em Portugal no passado, frustrado, desiludido, mal-disposto, não feliz da vida, não satisfeito e afetado na sua legítima ambição, obviamente é um primeiro-ministro que não está com toda a sua capacidade para a direção do governo”, apontou.
Em relação às autárquicas, deixou duas notas sobre o que pode acontecer no Porto e em Lisboa. Na óptica de Marques Mendes, ao fim de três mandatos do independente Rui Moreira, o PSD pode recuperar a Câmara Municipal do Porto. E concebe ainda a possibilidade de o autarca não cumprir o último mandato até ao fim.
“Rui Moreira pode sair mais cedo, sem dúvida”, admitiu em declarações ao i. Questionado se essa saída antecipada da Câmara do Porto pode ser motivada por outras perspetivas políticas, como uma eventual candidatura às europeias nas listas do PSD, Marques Mendes não se quis alongar sobre o assunto.
Quanto a Lisboa, conjetura que o PS ficou “desesperado” com a derrota de Fernando Medina e que tentará recuperar essa câmara em 2025.
“Se vir que tem condições, o PS pode lançar um candidato forte como Duarte Cordeiro, que tem grandes ambições de chegar a presidente da Câmara de Lisboa”, prognosticou ao i.
Contudo, não deixa de sublinhar que Carlos Moedas “tem grande vantagem” na autarquia pela sua “enorme popularidade” e que o “tipo de oposição que o PS faz” acaba por reforçar o social-democrata.
No final da sua intervenção na UV, o antigo líder do PSD foi igualmente questionado se tenciona entrar na corrida a Belém em 2026.
“Repetindo pela enésima vez, embora alguns achem que isto não é genuíno, mas é: não está nas minhas ambições, nos meus propósitos, nos meus objetivos de futuro qualquer candidatura”, respondeu, depois de ter sido comparado a Marcelo Rebelo de Sousa, com quem partilha um percurso semelhante: ambos foram líderes do PSD e comentadores televisivos.
Apesar de aparentar desinteresse numa hipotética candidatura às presidenciais, Marques Mendes referiu um detalhe sobre um perfil presidencial onde o próprio se enquadra. “Se repararem, dos quatro presidentes civis que tivemos até hoje [Mário Soares, Jorge Sampaio, Cavaco Silva e Marcelo Rebelo de Sousa], há uma característica entre os quatro: foram todos ex-líderes dos respetivos partidos”. Neste requisito, também se enquadra Pedro Passos Coelho, outra hipótese que os sociais-democratas vão alimentando.