O líder parlamentar do PSD considerou, esta sexta-feira, que as propostas do Governo contribuem para a perda do poder de compra e para a redução do consumo privado, que era o “motor do crescimento, de forma errada, no modelo económico” do PS, nos últimos anos, cuja situação parece estar a “gripar”.
Após uma reunião com o Governo sobre o cenário macroeconómico, que serve de base à proposta de Orçamento do Estado para 2023, Joaquim Miranda Sarmento disse aos jornalistas que a evolução da economia apresenta “sinais muito preocupantes”, com os quais o Executivo terá grandes dificuldades.
Nas palavras do líder parlamentar dos sociais-democratas, existe uma preocupação dentro do partido com "a perda do poder de compra que os portugueses já estão a sofrer em 2022" e que se vai agravar no próximo ano, tendo em conta as “propostas do Governo, quer para a função pública quer para o setor privado, com aumentos de rendimentos significativamente abaixo da previsão de inflação para 2022 e para 2023".
Joaquim Miranda Sarmento apontou que neste semestre e no próximo ano "o consumo privado vai ter uma retração muito significativa, e isso significa que aquilo que era o motor do crescimento, de forma errada, no modelo económico deste Governo, também já está a gripar".
"Portanto, em 2023, na melhor das hipóteses, teremos um crescimento ligeiramente acima de 1%, muito abaixo daquilo que são os países concorrentes de Portugal no quadro da União Europeia e nos países da coesão e também muito abaixo daquilo que o país precisa para gerar maior riqueza e maior apoio social às famílias", observou.
Miranda Sarmento também identificou outra “nota de preocupação” sobre a receita fiscal adicional arrecadada ao longo deste ano, acusando o Governo de "voracidade fiscal" por não reverter esses montantes em apoios às famílias e empresas.
O PSD defende um “caminho alternativo” àquele que foi apresentado pelo Governo, mais “virado para a competitividade e para a produtividade”, o que poderia conduzir o país para um “maior crescimento” através de “melhores salários” e “melhores serviços públicos” e impostos mais baixos, "sem esta asfixia fiscal sobre as famílias e as empresas".
Quanto à redução do défice e da dívida pública, os sociais-democratas entendem que é “muito importante que se continue a reduzir o défice e a dívida pública", ao mesmo tempo que se mantém "uma consolidação orçamental estrutural”.
Para o maior partido da oposição, a redução do défice feita desde 2016 pelos governos do PS chefiados por António Costa "foi meramente conjuntural" e o crescimento da economia portuguesa este ano é “ilusória”, uma vez que "resulta da quebra durante a pandemia e de uma recuperação muito forte do consumo privado e do turismo".