Jerónimo de Sousa confirmou, este domingo, que não vai continuar como deputado do PCP no Parlamento. A revelação surge depois de o secretário-geral do Partido Comunista ter anunciado ontem que vai deixar a liderança, após 18 anos no cargo, sendo substituído por Paulo Raimundo.
Numa conferência de imprensa, perante o Comité Central do PCP, Jerónimo de Sousa começou por criticar o Governo por estar “cada vez mais inclinado à direita”, com políticas que podem “empurrar rapidamente o país para recessão”.
No olhar do líder do PCP, o Governo socialista está a demonstrar uma “total inércia” e “surdez” perante a difícil situação do país. “O Orçamento agrava a injustiça fiscal”, afirmou, referindo-se ao Orçamento do Estado para 2023 apresentado pelo Governo.
De seguida, Jerónimo de Sousa justificou a sua saída por motivos de saúde, que já não compactuam com as exigências do cargo. Reforçou que, após uma “avaliação própria” sobre as suas “condições de saúde e as exigentes correspondências às responsabilidades" que tem vindo a desempenhar, decidiu propor a sua substituição, mantendo-se no Comité Central do PCP.
Questionado pelos jornalistas sobre a sua continuação enquanto deputado no Parlamento, o comunista confirmou que vai ceder o seu lugar na bancada do PCP. "Não, não vou continuar como deputado", disse.
"Naturalmente, há aqui uma alteração qualitativa das minhas capacidades e, naturalmente, tendo em conta a dimensão da nossa bancada, não se compadece com ausências, ou uma estadia momentânea. Precisamos de reforçar o grupo parlamentar e acho que posso afirmar que estamos em condições de avançar com uma solução capaz de dar mais força e dinâmica ao grupo parlamentar", justificou, ao frisar que deixa a liderança por “iniciativa própria”.
Duarte Alves, ex-deputado e assessor do PCP, poderá ser o substítuto no Parlamento. “É uma possibilidade real”, afirmou Jerónimo. “Deu prova cabal das suas capacidades. Isto só me responsabiliza a mim, mas é possibilidade real”.
Quanto ao seu sucessor, Paulo Raimundo, o ainda líder do PCP aponta-o como um “camarada de uma geração mais jovem”, que tem uma experiência de vida “diversificada” e com “inserção no coletivo”, estando assim “preparado” para esta responsabilidade, garantiu Jerónimo de Sousa.
Paulo Raimundo "pode ser desconhecido do grande público", mas Jerónimo de Sousa explicou esta escolha com o início da sua carreira: "Quando fui indicado pelo meu partido para secretário-geral, havia setores que se interrogavam se eu comia, se eu dançava, qual era o meu nome", lembrou, sublinhando que procurou, "através da lições que a própria vida" lhe impôs", de conselhos e também "afetos", "sempre" como é, deixar a sua marca.