A Secretária de Estado da Agricultura, Carla Alves, apresentou esta tarde a sua demissão por entender «não dispor de condições políticas e pessoais para iniciar funções no cargo», anunciou esta quinta-feira o Ministério da Agricultura que diz que a demissão «foi prontamente aceite»
Em causa está a notícia do Correio da Manhã que dá conta que a governante tem diversas contas arrestadas, na sequência de uma investigação que visa o marido.
Antes da demissão, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já tinha defendido que com «os factos conhecidos», o caso da nova secretária de Estado da Agricultura, Carla Alves não tem «inconstitucionalidades». «Do ponto de vista do direito não é arguida, acusada… Neste momento não há nenhum caso inconstitucionalidade», assumindo no entanto que «é evidente que é um peso político negativo».
E explicou: «Alguém que tem uma ligação familiar próxima com alguém acusado num processo de uma determinada natureza, à partida tem uma limitação política», acrescentando que «é um problema de ónus político, uma realidade que constitui uma limitação política, à partida, para o exercício da função».
Já o primeiro-ministro, António Costa, deixou a pergunta: «Vou demitir uma mulher porque o marido foi acusado?». E não colocou a demissão em causa: «É um caso em que o Ministério Público já investigou tudo e acusou apenas uma pessoa. Vou substituir-me ao Ministério Público e demitir a mulher de alguém só porque o marido é acusado. Se a mulher não é acusada, qual é o caso? Onde está a ética?», disse em resposta à líder bloquista, Catarina Martins.
Também o marido da agora ex-secretária de Estado se defendeu. «Lamento profundamente que num caso que só a mim diz respeito, não diz respeito a absolutamente mais ninguém, que a minha mulher seja envolvida numa altura em que é chamada para o Governo para desempenhar funções de grande dignidade, com toda a competência que lhe é reconhecida».
Numa conferência de imprensa realizada em Vinhais – onde já foi autarca – Américo Pereira foi claro: «Tenho que me defender, não posso ouvir falsidades e ficar calado», acrescentando que o que foi «arrestado foi o saldo das contas bancárias que existiam em março de 2022», e apenas «uma conta» em que Carla Soares era também titular.
E deixou a garantia: «Este processo é meu e eu cá estou para me defender nas instalações próprias, com toda a lealdade, com todo o saber e com toda a coragem para mostrar a minha inocência», disse aos jornalistas.
Antes, o Ministério da Agricultura tinha dito que não existir «nenhuma questão que coloque em causa a sua nomeação».