Marcelo quer ir a Kiev “logo que possível” para condecorar Zelensky presencialmente

Chefe de Estado responde a críticas sobre distinção concedida ao Presidente ucraniano.

O Presidente da República fez saber, esta quarta-feira, que pretende entregar presencialmente o Grande-Colar da Ordem da Liberdade a Volodymyr Zelensky, manifestando a sua vontade de ir a Kiev "logo que seja possível".

"Eu tenciono entregar [a condecoração] pessoalmente quando for à Ucrânia. É o que tenho feito com os chefes de Estado e com outros condecorados com essa ordem e outras ordens: é, na medida do possível, na primeira ocasião, entregar-lhes", revelou Marcelo Rebelo de Sousa.

Questionado sobre se faz sentido Portugal fazer-se representar oficialmente na Ucrânia, pelo primeiro-ministro ou pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu: "Eu não sei, falei com o senhor primeiro-ministro para saber exatamente o que é que ele pensa".

"Eu continuo a tencionar [ir à Ucrânia], logo que seja possível, e vamos ter finalmente uma nova embaixadora da Ucrânia em Portugal", acrescentou, referindo que com a chegada da nova embaixadora da Ucrânia vai ser possível “programar para o momento em que a Ucrânia entender adequado uma visita minha à Ucrânia".

O chefe de Estado comentou ainda que "a maioria dos portugueses" concorda com a condecoração a Zelensky, mas que "há quem discorde e se melindre com o facto", designadamente "setores que são ligados ao 25 de abril".

Para responder à controvérsia e justificar a sua decisão de condecorar Zelensky, Marcelo salientou que todas as personalidades condecoradas com o Grande-Colar da Ordem da Liberdade têm um ponto em comum: "tiveram um facto fundamental para a defesa da liberdade".

"Há condecorados que estiveram imenso tempo ao lado da ditadura – foram condecorados pela ditadura – e depois foram porta-vozes da liberdade, foram condecorados por isso. Houve quem tivesse um gesto pela liberdade e, depois, mais tarde, tivesse um percurso muito complexo, com processos, com julgamentos, com condenações e com amnistias, mas foi condecorado por aquele momento de liberdade", lembrou.

Sobre o caso do Presidente da Ucrânia, Marcelo sublinhou: "Não vamos discutir o que é que ele foi antes de ser Presidente, como é que governou como Presidente, há quem goste, há quem não goste".

"É um facto que há um ano ele luta pela liberdade do seu povo. 'Ah, mas não é só pela liberdade do povo, há razões estratégicas, há razões outras e tal'… Certamente, agora que ele luta pela liberdade do povo ucraniano, luta", disse.

"Essa luta persistente, determinada ao longo de um ano, merece, tal como outros gestos de defesa da liberdade em momento muito específicos ou mais longos, essa condecoração", acrescentou.