Galamba continua no Governo. O que dizem os partidos sobre o desafio de Costa a Marcelo?

O primeiro-ministro não aceitou a demissão de João Galamba, ao contrário do que defendia o Presidente da República. A decisão de Costa sobre incidente, que admitiu ser “deplorável”, apanhou todos de surpresa. Nas reações dos partidos, há quem fale em humilhação pública de Marcelo, quem continue a rejeitar a dissolução e quem não veja outro…

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PSD – “Governo está de costas voltadas para o país e para as instituições”

Luís Montenegro apontou para a “auto-degradação do Governo”, dizendo que este se mantém “à deriva, sem liderança efetiva, com inegável falta de autoridade e numa tentativa teatral de ultrapassar tantas fragilidades”.

O líder dos sociais democratas, que já disse que irá dar uma conferência de imprensa amanhã, considerou ainda que o Executivo está “de costas voltadas para o país e para as instituições”.

 

Chega –  “Costa está bem mentalmente?”

O líder do Chega, André Ventura, começa a sua declaração por pôr em causa, de forma sarcástica, as faculdades de António Costa. “O senhor primeiro-ministro está bem mentalmente? Está na posse de toda a sua capacidade?”, questiona.

Ventura sublinha que o ministro João Galamba “mentiu” acerca das reuniões com a então CEO da TAP e que se o primeiro-ministro fosse “digno” teria respeitado a decisão do próprio ministro. Assim, na visão do dirigente do Chega, Costa está a obrigar Marcelo Rebelo de Sousa a dissolver a Asembleia da República.

“António Costa veio fazer um exercício de vitimização. Puxar a corda e pedir a Belém que marque eleições na lógica de quanto mais rápido melhor”, considera.

 

BE – “Maioria absoluta foi carta branca para ministro fazerem o que querem”

A líder bloquista criticou a decisão de António Costa e disse ter ficado surpresa com a declaração sobre o que foi a “coboiada do Ministério das Infraestruturas” e sobre o facto de o primeiro-ministro não ter mencionado os problemas políticos do Governo, considerando isso um sinal de “absoluta degradação ou maioria absoluta como ela própria”.

Catarina Martins acusou o Governo de estar composto por “sucessivos ministros que mentem sobre a sua relação com uma empresa pública portuguesa”, considerando que “a maioria absoluta foi uma espécie de carta branca para que os ministros pudessem fazer o que lhes apetecia”.

 

Livre – "Não é com bravatas que se combate o populismo"

Rui Tavares pega no facto de o país ter ouvido os “dois titulares de dois órgãos de soberania a falarem a partir da sua consciência”, mas que, na sua consciência, não pensa que isto seja “bom para o país”

“O primeiro-ministro apresenta como uma espécie de bravata contra o populismo este último ano. Não é com bravatas”, disse o deputado do Livre, que sublinha, contudo, que não defende a dissolução da Assembleia da República.

 

PAN – “País está refém do braço de ferro entre Costa e Marcelo”

Inês Sousa Real, do PAN, admitiu a sua “surpresa” que o primeiro-ministro não tenha aceitado o pedido de demissão de João Galamba e considera que o país está “refém do braço de ferro entre António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa”.

A deputada defende que o Presidente da República deveria convidar António Costa a formar um novo Governo, mas adianta que se não for esse o entendimento do chefe de Estado e se houver dissolução da Assembleia da República o PAN estárá “pronto para apresentar soluções”.

 

PCP – O que prejudica o país não é a entrada ou a saída de ministros, mas as políticas do Governo

Os comunistas preferiram não comentar a decisão do primeiro-ministro em relação a João Galamba, optando apenas por sublinhar que “a questão essencial não é a entrada ou saída de ministros do Governo”, mas sim “dar resposta aos problemas que afetam os trabalhadores do país”.

Paula Santos afirmou que o que tem vindo a prejudicar o país são as decisões do Governo e do PS, comparando-as às de partidos com o PSD, a IL ou o Chega.

 

IL – Costa humilhou Marcelo e deve haver dissolução da Assembleia

O líder da Iniciativa Liberal diz que o país está “perante uma enorme encenação de António Costa”, pois num momento há a notícia do pedido de demissão do ministro, para minutos depois o líder do Governo revelar que não aceitará essa demissão.  

Para Rui Rocha, trata-se de “um incidente gravissímo” e considera foi tudo “combinado com João Galamba, com o “claro propósito” de desafiar a autoridade de Marcelo Rebelo de Sousa. “O que o senhor primeiro-ministro quis fazer esta noite foi uma humilhação pública do senhor Presidente da República”, sublinhou, defendendo a dissolução do Parlamento.

 

CDS – Eleições antecipadas é a única solução

O CDS também já comentou a polémica, começando por dizer que “o regime caiu no fundo”, não apenas pelo pedido de demissão de João Galamba, mas pela não aceitação pelo primeiro-ministro.

“A repetição permanente de casos e a total ausência de estatura e sentido de Estado de governantes degrada e mina perigosamente a credibilidade das instituições democráticas”, consideram os centristas, que acusam António Costa de afrontar o Presidente da República”.

Assim, pedem a “dissolução da Assembleia da República e a realização de eleições antecipadas”.