[notícia atualizada]
O Ministério Público (MP) quer aplicação da medida de coação mais gravosa para o arguido Hernâni Vaz Antunes e para Armando Pereira pede prisão domiciliária convertível numa caução de 10 milhões de euros, evocando o perigo de fuga.
Procuradores mostram-se preocupados com a eventual perturbação do inquérito e destruição de provas dando como exemplo que os arguidos, ao terem tido conhecimento antecipado do despoletar da operação Picoas, o que terá ocorrido uma semana antes das buscas, terão destruído documentação relacionada com os esquemas alegadamente ilícitos que terão posto em prática no seio da operadora, enquanto outras provas terão sido colocadas a recato em locais com os quais nenhum dos arguidos estava relacionado.
O próprio Armando Pereira, cofundador da Altice e um dos suspeitos, durante o interrogatório a que foi sujeito esta semana, dirigido pelo juiz Carlos Alexandre e com a presença dos líderes da equipa de investigação, o procurador Rosário Teixeira e o inspetor tributário de Braga Paulo Silva, admitiu que, na quarta-feira da semana passada, véspera das buscas realizadas à sua mansão em Guilhofrei (Vieira do Minho) e da sua detenção preventiva, foi contactado pela TVI/CNN Portugal com um pedido de comentário ao que se iria passar. No fim de semana anterior ao desencadeamento da operação, o empresário bracarense Horácio Vaz Antunes, amigo de Armando Pereira e que terá atuado em conluio com ele na conceção e concretização do esquema, deslocou-se para o Algarve, enquanto o contabilista Álvaro Gil Loureiro, seu colaborador e alegado cérebro de muitas das manobras efetuadas para colocar em paraísos fiscais os ganhos presumivelmente ilícitos de ambos, partiu para o Luxemburgo. Porém, nada acontecendo nos dias imediatamente a seguir, os dois acabaram por regressar à sua base, em Braga. Ambos estão também detidos preventivamente no âmbito da operação. Entretanto, os investigadores já terão recuperado grande parte da documentação ocultada.
Os investigadores apenas conseguiram recuperar parte das provas com a colaboração do contabilista de Hêrnani Vaz Antunes que durante o interrogatório, perante Rosário Teixeira e o juiz de instrução, decidiu contar as práticas ilegais que delapidaram o património da Altisse. Por isso, o MP pede que Álvaro Gil Loureiro aguarde o prosseguimento do inquérito em liberdade. A situação com Melissa Antunes, filha do empresário bracarense é semelhante uma vez que a antiga jogadora de futebol do Sporting de Braga, quando foi ouvida, confessou ter recebido sempre ordens do pai o que este corroborou.
Resta saber se o juiz Carlos Alexandre acompanhará o pedido do Ministério Público, decisão que deverá ser conhecida ao final da tarde.