É a meta para que todos trabalham neste novo ano político. O que vier a acontecer nas eleições Europeias de junho pode ditar mudanças políticas – o início de um novo ciclo político – ou um novo fôlego para os socialistas.
É com os olhos postos nestas eleições que os partidos desenham as suas estratégias para os próximos meses. Os socialistas têm vários nomes na pole position: Marta Temido, Ana Catarina Mendes ou Duarte Cordeiro são alguns dos mais falados. O PSD tem a difícil tarefa de encontrar um cabeça de lista ganhador. Rui Moreira era até há pouco tempo o mais desejado e bem posicionado, mas parece ser agora uma carta definitivanente fora do baralho, enquanto nomes alternativos, como o de José Pedro Aguiar Branco ou, uma vez mais, o de Paulo Rangel, não conseguem ganhar tração nas hostes do partido.
André Ventura já garantiu que, desta vez, não será ele o cabeça de lista e o Chega está a equacionar novos nomes para ir a votos como António Tanger Correia, Gabriel Mithá Ribeiro ou António Pinto Pereira, uma das novas aquisições do partido.
Cotrim de Figueiredo e Catarina Martins, respetivamente, ex-líderes da Iniciativa Liberal e do Bloco de Esquerda, deverão ser as opções para cabeças de lista a Bruxelas.
Os comunistas arriscam mudar de candidato ao Parlamento Europeu e já anunciaram que João Ferreira não será candidato, mas ainda não se fala de nomes para o lugar.
O CDS enfrenta com as Europeias um desafio decisivo para a sua sobrevivência e mantém várias hipóteses em aberto: recandidatar Nuno Melo, lançar o desafio a um nome forte do partido, um quadro com reconhecimento nacional, ou, hipótese ainda não totalmente descartada, concorrer em coligação com o PSD.
Remodelação só mais perto do Congresso de março
Acreditando que a tempestade política dos últimos meses já passou, António Costa está determinado em só mexer no Governo em vésperas, ou mesmo logo a seguir ao Congresso dos socialistas, previsto para março de 2024.
A ideia é refrescar antes das Europeias e apostar tudo em mais uma vitória que permita um caminho tranquilo até ao fim da legislatura.
Marta Temido e Duarte Cordeiro são os escohidos para enfrentar dois desafios considerados primordiais para os socialistas: Europeias e Autárquicas. Se a antiga ministra da Saúde, agora presidente da Concelhia de Lisboa dos socialistas, for a cabeça de lista do PS às Europeias, Duarte Cordeiro, atual ministro do Ambiente, será o escolhido para se candidatar à Câmara de Lisboa, onde já foi vereador e vice-presidente. As sondagens internas do partido serão essenciais para a escolha dos socialistas, sendo certo que, à partida, Duarte Cordeiro deseja ir a votos nas autárquicas, não só porque é uma casa que conhece bem e onde tem argumentos para disputar o lugar a Carlos Moedas, mas também porque é o lugar certo para se posicionar no futuro como candidato a secretário-geral do partido.
Montenegro joga tudo nas Europeias
Independentemente das escolhas, a verdade é que os próximos desafios eleitorais contarão com nomes que fazem parte do atual Executivo e esse é o motivo certo para António Costa fazer mudanças num Governo que muitos consideram frágil e que o primeiro-ministro quer reforçar para a segunda metade da legislatura.
Depois de algumas hesitações, Montenegro ouviu a opinião dominante dos seus mais próximos e corrigiu o tiro em relação à meta das Europeias. A declaração feita na Universidade de Verão do PSD, garantindo que aposta tudo na vitória nas eleições de junho e que as presidenciais não estão na agenda dos sociais-democratas, foi a clarificação pedida por alguns dos mais próximos do líder, que consideram que Montenegro não pode distrair-se do objetivo, depois de um Verão em que conseguiu marcar a agenda política.
«É preciso ter em atenção que António Costa veio de férias com toda a força e é um animal político», diz-nos uma fonte do PSD que alerta para os vários perigos que Montenegro enfrenta agora que recomeçou a atividade política.
Segundo as nossas fontes, neste momento, o maior desafio é encontrar um cabeça de lista forte para disputar as Europeias. Marques Mendes terá sido um nome muito falado nos últimos meses e esse facto terá sido determinante para a decisão do comentador da SIC anunciar prematuramente a sua disponibilidade para as Presidenciais de 2026.
Rui Moreira, a primeira escolha dos sociais-democratas, parece ser já também uma opção afastada, porque o próprio terá manifestado a sua indisponibilidade, embora esta escolha da direção do PSD fosse também contestada por muitos dos conselheiros mais próximos de Luís Montenegro.
Chega e CDS disputam eleitorado à direita
Se um joga a sua sobrevivência, o outro joga a sua afirmação. Chega e CDS vão repetir nas eleições de junho o duelo que já tiveram nas últimas legislativas, que ditaram a saída dos centristas do Parlamento e a entrada em força do Chega, que, por sinal, acabou por ocupar os antigos gabinetes do CDS em São Bento.
O Parlamento Europeu é o último reduto dos centristas. É a partir de Bruxelas que Nuno Melo, atual líder, tenta fazer renascer o partido. Em cima da mesa dos centristas estão vários nomes de quadros reconhecidos a quem se pode propor o desafio. Mas persiste a hipótese, embora remota, de esse nome, ou nomes, virem a ser integrados em listas conjuntas com o PSD. «Não contamos com isso, mas se houver uma proposta ponderaremos», diz-nos uma fonte centrista.
Preparados para o embate vital, os centrista sabem que o Chega está a apostar tudo em conseguir uma representação condigna em Bruxelas. A meta mínima estabelecida pelo partido de André Ventura é conseguir eleger dois eurodeputados. Mas o Chega admite chegar aos três. Menos do que isto é considerado para o partido um mau resultado. Expetativas eleitorais que serão ajustadas de acordo com os candidatos apresentados por PSD e CDS.