Eleições europeias, partidos apostam em nomes ‘fortes’ para reforçar presença

Há nomes que são dados quase como garantido, como Cotrim Figueiredo para encabeçar lista da IL. Dúvidas no PS dividem-se entre Ana Catarina Mendes e Marta Temido. No PSD há pressão para o independente Rui Moreira avançar.

Falta menos de um ano para as eleições para o Parlamento Europeu. O ato eleitoral terá lugar entre 6 e 9 de junho de 2024 e Roberta Metsola acredita que a afluência às urnas depende “da campanha” eleitoral. No entanto, a presidente do Parlamento Europeu admite que, no caso concreto de Portugal, será “um desafio” por os dias estarem colados a feriados, podendo aumentar a abstenção.

Ainda assim, já deixou um alerta: “Absentismo não significa necessariamente que os extremistas irão ganhar” ou ter mais peso na próxima legislatura. Mas reconheceu que “se deve atuar” para evitar extremismos.

“Fizemos melhor quando ignorámos o risco de crescimento dos votos extremistas ou será que conseguimos recuperar terreno quando contrariámos a sua narrativa? Estou convencida de que a segunda é a forma como se deve agir para compreender cidadãos frustrados, que se sentem marginalizados, que se sentem ignorados pelos principais partidos”.

Quanto à futura configuração do hemiciclo, Roberta Metsola admitiu que “as delegações estão a ficar cada vez mais fragmentadas”, com cada vez mais grupos políticos.

Nomes vão sendo lançados

Em relação a Portugal, a pouco e pouco, vão sendo conhecidos os nomes dos partidos para encabeçar as listas. Do lado do PS, Marta Temido já é apontado por muitos como um dos nomes incontornáveis por ser considerada uma das figuras mais populares entre os socialistas. Mas a ministra Ana Catarina Mendes também pode ser opção.

Do lado do PSD, o nome de Rui Moreira tem vindo a ganhar terreno, já que está a cumprir o terceiro e último mandato à frente da Câmara do Porto. No entanto, o autarca independente poderá não querer trocar a autarquia por um lugar em Bruxelas, além de que também tem sido apontado para outros desafios, incluindo no Governo ou até mesmo presidenciais. Outro nome quase como garantido é o de Paulo Rangel.

Do lado da Iniciativa Liberal, o antigo presidente do partido, João Cotrim de Figueiredo, já mostrou estar disponível para ser candidato às próximas eleições europeias, que considerou serem umas “eleições importantes para o partido”. E acrescentou: “Na vida política, não tenho uma noção de cargos”, mas sim “de missão”, afirmando que a sua ação política é orientada, “a cada momento”, pelo que “é mais útil para tornar Portugal um país mais liberal”.

Já o nome de Catarina Martins, antiga líder do Bloco de Esquerda, tem vindo a ganhar força para avançar com uma candidatura europeia. A responsável nunca descartou a ideia, mas quando saiu da liderança do partido disse ir dar prioridade a “descansar” e a “refazer outros projetos” que ficaram para trás durante os dez anos de liderança no Bloco. “Acho que preciso disso e que essa distância é muito importante para tomar decisões”, disse, na altura.

Também o PCP já está a reunir esforços para “reforçar” o seu resultado nas eleições ao Parlamento Europeu e, apesar de não avançar ainda nomes, já veio referir que está com “grande confiança” para recuperar face às eleições de há quatro anos, definindo as prioridades a levar à candidatura como o “aumento dos salários e das pensões”, o “combate à precariedade” ou “a defesa do ambiente”.

Também incerto será o cabeça de lista do Chega. Apesar de em março André Ventura ter prometido que o nome seria escolhido em setembro, para já ainda não foi revelado. No entanto, nessa altura, o presidente do partido estabeleceu como meta alcançar 15% dos votos nas eleições europeias do próximo ano e ter “o melhor resultado de sempre”.

E acrescentou: “Não podemos dizer que podemos perder, temos de dizer que temos de ganhar por muito”, afirmando que a direita tem de “mostrar que é capaz de galvanizar, agregar” e “tem de vencer claramente”, dando um “sinal claríssimo de que o país já não está com o PS”.

A pressão está no CDS que depois de ter perdido representação parlamentar nacional, Nuno Melo quer manter a presença no Parlamento Europeu. O responsável já veio admitir que, apesar das dificuldades, o partido “vai dar a volta às suas circunstâncias” e ter sucesso nas eleições europeias do próximo ano, assim como voltar à Assembleia da República.

“Não escondo, nem desconheço as dificuldades, mas não vivo deprimido nelas. Acredito nas oportunidades e acho que o CDS vai dar a volta às suas circunstâncias e, por isso, acredito que terá sucesso nas [eleições] europeias e voltará à Assembleia da República”, afirmou.

Desafios

Para já, a urgência do Parlamento Europeu está na aprovação do pacto migratório. O vice-presidente da Comissão Europeia Margaritis Schinas indicou que 75% do pacto migratório está “praticamente acordado” e considerou uma “inevitabilidade” fechar as negociações antes das eleições europeias de 2024, pois o contrário seria “suicida para a Europa”.

Já em relação às resistências de alguns países à questão das migrações, o comissário destacou que, perante “a pressão contínua” que a Europa enfrenta, existe “um grande e significativo nível de entendimento”. “Há dois países que, neste momento, não concordam – Polónia e Hungria. Gostava de contar com eles. Tivemos dificuldades de última hora com outros países, mas acho que no fim vai resultar e toda a gente estará alinhada”, disse.

No entanto, caso “um ou dois” países não estejam de acordo, Schinas assinala que a decisão pode ser tomada por maioria qualificada.