“Não me parece que estejamos aqui perante mais uma questão de casinhos”, diz Santos Silva

PGR tem o dever de prestar esclarecimentos em vez de espalhar o “alarme social”, defende Presidente da Assembleia da República.

O Presidente da Assembleia da República afirma que a crise política que se desencadeou esta terça-feira de amanhã não é somente um “casinho”. 

 “Não me parece que estejamos aqui perante mais uma questão de casinhos”, disse Augusto Santos Silva, em entrevista ao Público e à Renascença, acrescentando que a PGR tem o dever de prestar esclarecimentos em vez de espalhar o “alarme social”. 

“Mais uma vez insisto: a única coisa que eu sei é que, à hora a que estou a responder a isto, o Ministério do Ambiente confirmou que estavam a decorrer buscas na sua sede e vários órgãos de comunicação estavam a informar que havia buscas também a decorrer na residência oficial do primeiro-ministro, noutro ministério, num município e em casas particulares e, portanto, eu diria que isto não parece propriamente ter a dimensão de um casinho”, disse ainda.  

Por sua vez, o Ministério Público tem “o dever legal de “produzir esclarecimentos públicos”, defende Santos Silva, e deixa claro: “Não é explicar, é esclarecer e informar”.  

“Não podemos deixar de reconhecer que há um alarme social associado à realização de buscas a sedes de partidos ou a ministérios ou às instalações em que trabalha o primeiro-ministro”, concluiu.  

Recorde-se que o primeiro-ministro, António Costa, vai ser alvo de uma investigação autónoma do Ministério Público, num inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça, revelou a Procuradoria-Geral da República (PGR), num comunicado emitido esta terça-feira, na sequência das buscas e detenções no âmbito do processo dos negócios do lítio e hidrogénio.

Também hoje, o Ministério Público emitiu mandados de detenção fora de flagrante delito do chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária; do presidente da Câmara Municipal de Sines, Nuno Mascarenhas de dois administradores da sociedade “Start Campus” e do consultor contratado por esta sociedade, Diogo Lacerda Machado, amigo próximo do primeiro-ministro.

Além disso, o ministro das Infraestruturas foi constituído arguido no âmbito deste processo, assim como o Presidente do Conselho Diretivo da Agência Portuguesa do Ambiente.