A entrada em cena dos dois candidatos à liderança dos socialistas, particularmente o lançamento da candidatura de Pedro Nuno Santos na segunda-feira, pôs os partidos à direita a fazerem contas de cabeça.
Apesar de Rui Rocha ter vindo já deixar claro que não está disponível para coligações pré-eleitorais, no PSD as portas ainda não se fecharam a possíveis entendimentos. Apesar de na direção ninguém querer abrir o jogo, o Nascer do SOL sabe que nos últimos dias se têm intensificado os contactos junto da liderança laranja, para que o partido se apresente às eleições, liderando «uma verdadeira frente alternativa de direita que possa galvanizar».
Ao que nos dizem, Luís Montenegro está a ponderar, e, independentemente de entendimentos partidários, a direção está a fazer esforços para juntar à campanha figuras independentes e de prestígio que possam gerar maior confiança na liderança do PSD.
Para além do argumento da perceção de uma alternativa com suporte alargado, os defensores da ideia de uma coligação que congregue o CDS e outros partidos, movimentos ou personalidades, argumentam com o peso da concentração de votos. O argumento é antigo, o método de Hondt favorece as coligações, porque assim não se desperdiçam votos. E Montenegro precisa do maior número de votos possíveis, sobretudo depois de esta semana ter voltado a repetir que se não ganhar as eleições, não formará Governo.
Ao que nos foi dito, este é ainda o momento para refletir e ouvir sensibilidades. E se a maioria defende um entendimento alargado, também há algumas vozes a defender o contrário, «não são muitos, mas têm influência junto do líder», dizem-nos.
Quem não tem perdido tempo a pensar no cenário de coligação é Nuno Melo. As eleições do próximo dia 10 de março são cruciais e o CDS tem um único objetivo: voltar ao Parlamento, nem que seja só com um ou dois deputados. O objetivo pode estar ao alcance, mas os centristas vivem uma realidade inédita: «É muito difícil termos visibilidade» e, portanto, todos os passos têm de ser bem estudados. Para já, parece haver consenso numa ideia forte: o CDS faz falta ao Parlamento e isso notou-se nos dois anos em que, pela primeira vez, o partido não esteve sentado em São Bento.
O caminho é estreito, mas os centristas acham que é possível, até porque, pelas piores razões, mas o facto de as eleições chegarem mais cedo é favorável. «Quanto mais tempo passasse, mais difícil seria recuperar», por isso, diz-nos uma fonte da direção, o objetivo de eleger está ao alcance. A arma dos centristas para voltarem à vida são os seus quadros, que já no início do ano se vão mostrar ao serviço do partido.