Vários conselheiros da IL ameaçam bater com a porta

Em causa está a constituição das listas para as próximas eleições legislativas. Fontes ouvidas pelo Nascer do SOL admitem não se reverem no processo e admitem sair em janeiro.

Há vários conselheiros da Iniciativa Liberal (IL) que ameaçam bater com a porta já em janeiro. Em causa está a constituição das listas para as próximas eleições. O Nascer do SOL sabe que os ânimos estão mais exaltados em Viseu e em Aveiro, mas Coimbra também não escapou a esta tendência. Já em Leiria houve um recuo em relação aos nomes avançados. «Há um conjunto de conselheiros que é possível que abandonem o cargo nos próximos tempos», como revelaram fontes dos liberais, mas, ao que o nosso jornal apurou, o secretário-geral do partido, Miguel Rangel, acabou o último Conselho Nacional, que se realizou em Leiria no sábado, a pedir aos membros que estejam a pensar desfiliar-se do partido para que não o façam. 

«A constituição das listas representou um verdadeiro problema e todo o seu processo foi mal feito. E pior do que ter sido mal feito foi o facto de ter sido mal comunicado aos conselheiros. Foi apresentada uma lista de nomes e muitos mostraram-se desiludidos como tudo foi conduzido, em que uns nomes eram conhecidos, outros não e, como tal, não se sentiram com vontade de votar favoravelmente e saíram do encontro desiludidos», revela fonte ouvida pelo Nascer do SOL. O nosso jornal já tinha avançado no final de outubro que havia um descontentamento por parte de vários conselheiros. O primeiro a sair foi Miguel Ferreira da Silva, primeiro presidente da Iniciativa Liberal, em protesto contra a revisão dos estatutos do partido. Já aí, tudo indicava que as saídas não iriam estancar. 

É certo que os núcleos territoriais deram um conjunto de nomes, mas a responsabilidade da constituição das listas é da Comissão Executiva (CE), apesar de ser o Conselho Nacional a dar a última palavra, tal como está previsto nos estatutos da IL. Mas também é certo que, dadas as inerências, o Conselho Nacional é ‘dominado’ pela Comissão Executiva. 

Ao que o Nascer do SOL apurou, os ânimos exaltaram-se com a escolha de Mário Amorim Lopes para ser cabeça de lista pelo distrito de Aveiro. É membro da Assembleia Municipal do Porto, onde exerce o mandato desde setembro de 2021. «Ninguém percebe por que é que foi essa escolha, em vez de ser o número dois do Porto», disse fonte do partido.

O mesmo cenário repetiu-se em Viseu. Ao que o Nascer do SOL apurou, também aqui havia consenso local, mas a Comissão Executiva quis impor a sua vontade. A discussão foi tão agressiva que esse distrito mão fechou. Quanto a Coimbra, o nosso jornal sabe que o núcleo foi eleito no mesmo dia do Conselho Nacional, e daí não ter sido apresentado nenhum candidato por aquele núcleo.

Já em relação a Leiria, os quatro grupo de coordenação local (GCL) do distrito (Leiria, Pombal, Alcobaça e Caldas da Rainha) reuniram um grupo de trabalho (de três elementos do GCL por núcleo), em que foi feita uma consulta aos membros e simpatizantes, pedindo para indicarem três nomes. Já com os nomes indicados, mas também respeitando critérios de representatividade e a lei da paridade, o grupo de trabalho reuniu e elaborou a lista. Esta foi enviada por todos os núcleos para a CE, juntamente com uma nota explicativa do processo. O nosso jornal sabe que a CE tentou retirar o segundo candidato da lista deste distrito, sendo que o primeiro ‘fez finca a pé’.

No círculo de Setúbal foi avançado o nome de Joana Cordeiro como cabeça de lista, enquanto Bernardo Blanco e Mariana Leitão surgem por Lisboa. A deputada Carla Castro bateu com a porta (ver texto ao lado), mas o nosso jornal sabe que a Comissão Executiva tem vindo a afirmar que a não escolha de Carla Castro para um lugar elegível foi uma questão aritmética dos núcleos. Já Carlos Guimarães Pinto e Patrícia Gilvaz foram os nomes escolhidos para o Porto.

Críticas ao PS e ao PSD

Rui Rocha afirmou, numa intervenção na reunião do Conselho Nacional, que terá uma «oposição ao modelo de sociedade de que Pedro Nuno Santos foi cúmplice e que quer agora continuar a reproduzir, se por acaso vier a ser governante deste país», garantindo que estará «na primeira linha de combate» ao novo líder socialista.  a Pedro Nuno Santos» prometeu.

O líder da IL considerou ainda que há um «sinal claro de derrota da proposta de Pedro Nuno Santos», caso viesse a ser primeiro-ministro, «na parte que diz respeito aos impostos». E acrescenta: «Pedro Nuno Santos fala vagamente da descida do IRS, diz que devemos olhar para alguma redução de impostos, para o IVA e impostos indiretos. Diz que poucas pessoas pagam IRS em Portugal e que continuarão a ser poucos os que pagam». Considerando que esta afirmação «é uma enorme derrota, porque significa que Pedro Nuno Santos não acredita que é possível subir rendimentos aos portugueses. Continuaremos a ser um país medíocre do ponto de vista económico e do crescimento».

Rui Rocha também teceu críticas ao PSD, afirmando que o partido liderado por Luís Montenegro diz que quer mudar o país, mas «quando chega o momento-chave nunca diz presente».

O líder da Iniciativa Liberal lembrou que a proposta apresentada pela IL para criar um círculo nacional de compensação foi rejeitada pelos maiores partidos. «O PS e o PSD há 30 anos que reconhecem que há um problema, que dizem que querem mudar, que querem alterar esta situação, que estão disponíveis para mudar e, em 30 anos, não o fizeram». E lamenta que o PSD tenha votado contra a proposta «depois de 30 anos a dizer que era um problema e que era preciso mudar».

Quanto aos objetivos traçados para as próximas eleições, fontes ouvidas pelo nosso jornal admitem que internamente a ideia é manter o atual número de deputados (oito), o que vai contra a estratégia externa do partido quando anunciou que, «no caso das eleições legislativas antecipadas, a Iniciativa Liberal  ambicionará aumentar o grupo parlamentar», elegendo pelo menos em Lisboa, Porto, Braga, Setúbal e também em Leiria e Aveiro.