Marcelo apela ao voto em 2024: “O povo é quem mais ordena”

Presidente dirigiu-se diretamente aos portugueses na sua tradicional mensagem de Ano Novo: ano de 2024 é decisivo!

Como habitualmente, Marcelo Rebelo de Sousa fez uma curta mensagem de Ano Novo e, desta vez, os recados foram exclusivamente para os portugueses.

Já com o Governo em gestão, o Presidente da República optou por indicar as razões por que o ano que agora começa é decisivo, no mundo, na Europa e em Portugal.

Com especial enfoque nas eleições legislativas que terão lugar a 10 de março e nas eleições regionais nos Açores a 4 de fevereiro, o Presidente Marcelo optou este ano por apelar à responsabilidade dos votantes, mais do que em deixar avisos ou manifestar desejos e realizações para o ano que agora começa.

O que o Presidente não disse ficou implícito: tudo vai depender do que os portugueses ditarem nas eleições.

Entre o “que se provou” ser decisivo em 2023 (a guerra na Ucrânia e a guerra no Médio Oriente, o controlo da inflação, que não trouxe consigo o crescimento económico, o peso que a crise continua a trazer aos mais débeis e mais desfavorecidos) e os percalços políticos nacionais do último ano, Marcelo lembrou que 2024 é também o ano em que em Portugal se comemoram os 50 anos do 25 de Abril.

“O voto não é tudo, mas sem voto não há nem liberdade nem democracia. Sabemos que todas as democracias, e também a nossa, são inacabadas, imperfeitas, desiguais, deviam ser menos pobreza, menos injustiça, menos corrupção, menos desilusão dos menos jovens, mais lugar para trabalhar dos mais jovens”, disse o Presidente da República, reconhecendo motivos para a insatisfação dos portugueses.

Mas, por isso mesmo, Marcelo lembra o Portugal anterior ao 25 de Abril de 74 para concluir: “O que se espera e exige dos próximos 50 anos é muito mais do que aquilo que foi realizado do que aqueles que em 2024 terminam. Até porque os tempos serão sempre mais rápidos, mais exigentes e mais difíceis. E o começo desses mais 50 anos é hoje, é agora, é já, na vossa decisão sobre o rumo que quereis para os Açores, para Portugal, para a Europa. Desde 1974, entre nós, é o povo e só o povo quem mais ordena, quem mais decide, a pensar no seu futuro, no futuro de Portugal.”

Realçando as contas certas, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que “se provou que isso só não basta para resolver os problemas estruturais do país”.

Na mensagem presidencial de Ano Novo, que durou cerca de 9 minutos, não foi esquecida a situação do Serviço Nacional de Saúde (SNS), nem da educação, nem dos índices de pobreza.

Tudo problemas que o Presidente considera que acentuam a insatisfação entre os portugueses, muitas vezes canalizadas para soluções extremas, em Portugal como noutros países da Europa.

Perante um mundo que entra no novo ano com muitas incertezas, Marcelo realçou também a importância das eleições europeias em junho e das eleições nos Estados Unidos em novembro. Dois atos eleitorais que poderão determinar o futuro a nível global.

Nas entrelinhas da mensagem presidencial está a preocupação com o equilíbrio de forças que irá resultar das eleições para o Parlamento Europeu, que terá de decidir sobre a continuação do apoio à Ucrânia e o alargamento da união a novos países.

Mas Marcelo atribui também grande importância às eleições de novembro nos Estados Unidos, com o fantasma do regresso de Donald Trump à Casa Branca e com a possibilidade de uma inversão na política externa norte-americana justamente numa altura em que Washington é decisiva para o desfecho dos conflitos na Europa e no Médio Oriente.