Formalizada e apresentada a AD, agora é hora de apresentar trabalho. PSD e CDS passaram a semana a fechar as listas de deputados que, para além de integrarem militantes, devem incluir independentes. A feitura das listas é sempre um momento de alta tensão na estrutura dos partidos e por isso Montenegro e Nuno Melo querem que o processo seja rápido, para evitar estragos. Mas o anúncio da saída de Maló de Abreu e da sua desfiliação ao fim de 40 anos de militância partidária, é já um prenúncio de que os próximos dias podem trazer notícias desagradáveis a Luís Montenegro, numa altura em que precisa de se afirmar no país.
Ao que sabe o Nascer do SOL, a escolha dos cabeças de lista aos vários círculos eleitorais ficou fechada na sexta feira e PSD e CDS vão aprovar as listas nos respetivos conselhos nacionais na próxima segunda feira à noite.
Alexandre Homem Cristo, Miguel Guimarães e Eduardo Oliveira e Sousa, são os nomes de independentes já garantidos nas listas da AD, mas, ao que sabemos, mais dois nomes independentes de peso devem integrar o elenco de deputados com que a nova Aliança Democrática vai a votos.
Melo numa encruzilhada difícil
O líder do CDS tem uma dor de cabeça para resolver, antes de poder seguir em frente para a campanha eleitoral. Com apenas dois lugares elegíveis, sendo que um deles já está reservado para o próprio Nuno Melo, resta apenas um lugar seguro que irá acompanhar o líder no regresso do partido ao parlamento.
Muitos dos quadros mais conhecidos do partido, já sinalizaram que neste momento não estão disponíveis para assumir o lugar, como é o caso de Cecília Meireles, o nome mais desejado. Outros nomes como Paulo Núncio, João Almeida, Telmo Correia, Nuno Magalhães ou Isabel Galriça Neto têm vindo a ser falados, mas no partido há quem defenda que deve ser dada oportunidade a nomes menos conhecidos, mas que nos últimos dois anos ajudaram a manter o partido de pé. É o caso de Maria Luís Aldim, líder da concelhia de Lisboa e Ana Clara Birrento, vice-presidente do partido e provedora da Santa Casa da Misericórdia de Azeitão. São muitos nomes para apenas um lugar e, ao que garantiram ao Nascer do SOL, até à hora de fecho desta edição, não havia qualquer convite feito.
AD também vai ter o seu congresso
Não se chamará congresso, porque não se trata de um partido, mas os dirigentes da nova Aliança Democrática já decidiram que vão ter um momento semelhante a que darão o nome de convenção. Vai ser no dia 21 de janeiro em Lisboa e o objetivo é criar um momento mediático em que, de forma mais organizada e preparada do que na cerimónia de assinatura da coligação, as caras mais conhecidas entre independentes e figuras dos dois partidos, possam discursar.
Apesar de, nessa data, não estar ainda concluído o programa eleitoral, a ideia é que Luís Montenegro possa já lançar as principais propostas com que se vai apresentar ao eleitorado.
Cenário macro-económico e programa a todo o vapor
Joaquim Miranda Sarmento e António Leitão Amaro são os dois nomes que coordenam o trabalho da equipa de economistas, que tem vindo a preparar o cenário macro-económico, a partir do qual a coligação irá construir o seu programa. Desta equipa fazem parte João Valle e Azevedo, (não o ex-presidente do Benfica, mas o diretor do departamento de estudos do Banco de Portugal), Óscar Afonso e Hugo Villares (Faculdade de Economia do Porto) e Miguel Faria e Castro (reserva federal de St Louis).
Os trabalhos desta equipa devem estar concluídos nos próximos dias, já que o programa da Aliança Democrática será apresentado na primeira semana de Fevereiro.
Pedro Duarte, presidente do conselho estratégico nacional é o coordenador da elaboração do programa, que deverá recorrer a «muito trabalho de casa que o partido foi fazendo ao longo dos meses e que permitiu apresentar propostas em diversas áreas da governação».
A expectativa na direção social democrata é que, com a campanha no terreno, e o início dos debates (que começam no dia 5 de fevereiro), «comece a notar-se uma nova dinâmica» já que, acreditam estes dirigentes, vai perceber-se uma diferença grande de preparação entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos.
Ao mesmo tempo, na sede da São Caetano à Lapa começa a delinear-se a campanha com o apoio de uma equipa de consultores brasileiros com larga experiência em campanhas eleitorais.