Nomes de ministeriáveis já agitam os bastidores

São muitos os nomes que já correm nos meandros políticos como putativos membros do Governo em caso de vitória da AD de Montenegro ou do PS de Pedro Nuno. Há inevitáveis, mas haverá muitas surpresas

É sempre difícil fazer o exercício de tentar compor governos antes de eles serem anunciados, mas, à data de hoje, já se conseguem fazer algumas previsões sobre quem serão alguns dos nomes que seguramente ocuparão lugares governativos em caso de vitória da AD ou do PS. Até porque já correm nos bastidores, que vão ganhando em agitação à medida que se aproxima o dia D.

Os nomes que têm acompanhado os líderes no seu percurso político e aqueles que mais os influenciaram em dossiês específicos dificilmente escaparão às escolhas do futuro primeiro-ministro, quem quer que ele seja. 

Luís Montenegro recorrerá a alguns dos que têm trabalhado nos últimos meses no seu Conselho Estratégico Nacional, liderado por Pedro Duarte, e Pedro Nuno Santos provavelmente recorrerá ao think thank Causa Pública, liderado por Paulo Pedroso e com a participação de várias figuras à esquerda, do BE e do PCP. 

Os dois organismos estão na origem da maioria das propostas contidas nos programas eleitorais das duas candidaturas e os seus membros são especialistas que dão garantias para o exercício de cargos governativos.

AD tem que juntar experiência política, independentes e… IL

A quadratura do círculo não será fácil de fazer, mas, se estiver em condições de formar Governo depois das eleições, Luís Montenegro tem muito onde ir recrutar.

Miranda Sarmento, é quase certo, será o ministro das Finanças da AD. Braço direito de Luís Montenegro em matéria económica, o ainda líder parlamentar do PSD comandou nos últimos meses a equipa que elaborou o cenário macro-económico e as medidas fiscais contidas no programa da coligação. Ana Paula Martins, ex-bastonária dos farmacêuticos e até há pouco tempo presidente do Conselho de Administração do Hospital de Santa Maria, é o nome mais referido para a pasta da saúde. Miguel Pinto Luz, vice-presidente de Montenegro, não esconde que tem uma preferência e essa é o Ministério das Infraestruturas, uma pasta que ocupou nos poucos dias que durou o último Governo de Passos Coelho e que considerou sempre um capítulo inacabado da sua história política. Outro vice-presidente que poderá integrar um hipotético Governo da AD é Paulo Rangel, indicado para ministro dos Negócios Estrangeiros.

Leitão Amaro, Hugo Soares, Marques Guedes e Pedro Duarte são nomes quase certos em pastas mais políticas, de coordenação do Governo e do trabalho com o Parlamento.

Para a habitação, um dos maiores desafios do próximo Governo, o nome mais falado é o de Rita Júdice. Esta jurista de Coimbra tem trabalhado nos últimos meses com o Conselho Estratégico Nacional e foi a responsável pelas medidas para a habitação que o PSD apresentou a debate ainda antes da crise política.

João Cerejeira é apontado para o Ministério do Trabalho e da Segurança Social.

Dependendo dos resultados finais e das negociações que forem feitas com a Iniciativa Liberal, é possível que um ministério seja atribuído ao partido e não estará fora de causa que seja o da Economia.

Socialistas apostam em caras novas

Se puder formar Governo, é praticamente certo que, desta vez, o PS vai ter companhia. Ao longo da campanha eleitoral ficou bastante claro que os partidos à esquerda do PS não estão disponíveis para fazer uma ‘geringonça’ ao estilo das de António Costa. Desta vez, BE, PCPe mesmo Livre vão querer integrar o Executivo e Pedro Nuno Santos até vê com bons olhos essa possibilidade.

Alexandra Leitão será com grande probabilidade a número dois do Governo, com a tutela da Presidência do Conselho de Ministros.

Mariana Vieira da Silva, que foi a número dois de António Costa na última legislatura, deverá manter-se no Governo, mas desta vez com uma pasta mais técnica e até há quem admita que poderá vir a dirigir o Ministério da Segurança Social, que já foi tutelado pelo seu pai, José António Vieira da Silva.

Pedro Delgado Alves é um nome certo num eventual Governo de Pedro Nuno Santos, e a pasta mais provável é a da Justiça. João Costa deverá ser a exceção à regra do novo líder socialista (que quer um Governo renovado) e deverá manter-se na pasta da educação. 

Quem vai ocupar a pasta das Finanças? É a grande incógnita de um Governo socialista, mas há dois nomes possíveis: Ricardo Paes Mamede e António Mendonça Mendes.

Francisco César e Miguel Prata Roque são dois companheiros de sempre de Pedro Nuno Santos, estão na sua equipa mais restrita e não deverão ficar fora do Governo, os dois com pastas mais políticas.

Em caso de vitória dos socialistas nas eleições de 10 de março, Marina Gonçalves também deverá manter-se com a tutela da Habitação. Com poucos meses à frente do Ministério, Marina Gonçalves está a pôr em prática as políticas que antes da demissão tinham ficado delineadas por Pedro Nuno  Santos, que na altura tinha a tutela.

Fernando Medina, o arquirrival de Pedro Nuno Santos, é um nome que o líder gostaria de incluir no Executivo.  O lugar de ministro dos Negócios Estrangeiros pode ser uma hipótese.

Para a Defesa, a escolha poderá recaír em Marcos Perestrelo, um socialista que já exerceu funções como secretário de Estado naquele Ministério e que gostaria de regressar agora como ministro.

Ana Catarina Mendes é outro nome de quem se fala, mas Pedro Nuno Santos poderá optar por indicá-la como cabeça de lista para as eleições europeias que se realizam já em junho.

Sendo um Governo de coligação, as principais dúvidas estão em saber se todos os partidos que integram o entendimento à esquerda terão lugar à mesa do Conselho de Ministros, ou se essa decisão vai depender do peso específico de cada um destes partidos.