Noite eleitoral: Quase um ‘empatão’

O pior cenário confirma-se e o país fica com um xadrez parlamentar muito complicado de gerir e, sobretudo, com grande probabilidade de não garantir condições de governabilidade durante quatro anos.

Com uma vantagem de apenas 2 mandatos em relação aos 77 eleitos pelo Partido Socialista, os 4 deputados eleitos pelos círculos da emigração podem desequilibrar as contas, pelo menos em tese. Se o PS conseguisse eleger os 4 deputados que estão em causa nestes círculos, o que não é provável, ficaria à frente da AD em número de deputados eleitos.

O Chega com 48 deputados eleitos é o vencedor esmagador destas eleições e quadruplicou os resultados de 2022, quando tinha elegido 12 deputados.

Como é que Montenegro vai conseguir manter a promessa do “não é não”, ignorando 48 deputados e mais de um milhão de votos, é uma das grandes dúvidas que sobra destas eleições.

O ADN e a confusão que se gerou no boletim de voto para muitos eleitores (fator para o qual o SOL tinha chamado a atenção na edição de 1 de março), acabou por verificar-se. O ADN teve 99 mil 475 votos nestas eleições, em 2022 tinha tido cerca de 10 mil. Foi uma confusão que custou caro à AD que terá perdido dois deputados por este facto. Exatamente os dois deputados que teriam dado uma vitória clara à Aliança Democrática já esta noite.

A conclusão clara dos resultados destas eleições é que é difícil prever o dia e a hora em que haverá novas eleições, mas é quase certo que esta não é uma legislatura para quatro anos.

Se é certo que Montenegro se mostra disponível para assumir funções, também é certo que Pedro Nuno Santos deixou claro que não está disponível para dialogar com o PSD, nem para ser a muleta que ajudará a viabilizar orçamentos.

Montenegro, tudo indica, vai fazer um governo de combate político com a Iniciativa Liberal, ao estilo do que Cavaco fez no primeiro governo minoritário. O líder da AD vai apostar em cumprir o seu programa e deixar ao PS e ao Chega o ónus de deixar cair o governo, esperando que os eleitores castiguem os que o derrubarem.

No Palácio de Belém, a batata quente sobra agora para Marcelo Rebelo de Sousa que tem para gerir não só um resultado muito incerto, como também as informações que deixou sair em véspera de eleições, dando a entender que não aceitaria a entrada do Chega no governo.