Moreira desmente notícias ‘inverosímeis e estúpidas’

Apesar de ter ficado de fora da lista da AD às Europeias, o nome de Rui Moreira continua a alimentar polémicas no interior do PSD. O autarca nega ter feito exigências a Montenegro.

Moreira desmente notícias ‘inverosímeis e estúpidas’

A semana foi marcada pela discussão em torno das escolhas da Aliança Democrática e do Partido Socialista para as eleições europeias.                     
O nome de Sebastião Bugalho para liderar a lista da AD apanhou toda a gente de surpresa, incluindo Rui Moreira, o autarca do Porto que há muitos meses era apontado como a escolha de Luís Montenegro.

O caso deu polémica porque Moreira tinha praticamente assumido a disponibilidade horas antes do anúncio da lista da AD, no espaço de comentário que tem ao domingo à noite na CNN. Horas depois, porém, o PSD anunciava como cabeça de lista o comentador da SIC e do restante elenco de candidatos não constava o nome de Rui Moreira. As notícias difusas das horas seguintes davam conta de que o nome do presidente da Câmara do Porto não constava da lista porque o próprio tinha recusado ser o número dois da lista atrás de Sebastião Bugalho. Foi, aliás, Rui Moreira que confirmou o convite (até agora nunca assumido por Montenegro) e justificou a recusa «porque o Presidente da Câmara do Porto não pode ser número dois de ninguém».

Com estas explicações dadas publicamente, Moreira esperava que o desagradável assunto estivesse arrumado, mas as notícias não ficaram por aqui e nos bastidores sociais-democratas começou a circular uma outra versão: Rui Moreira teria posto como condição para aceitar o primeiro lugar na lista o compromisso de que seria o nome apontado pelo Governo para comissário europeu.

O Nascer do SOL confrontou o autarca do Porto com esta versão dos factos e a resposta foi clara: «É mentira». Rui Moreira lamenta que esteja a ser espalhada uma informação que considera «totalmente inverosímel», dizendo que quem acredita nisso demonstra ignorância porque «não há história de o comissário sair da lista de deputados ao Parlamento Europeu». E acrescenta que «a única vez que se tentou fazer (com a indicação do socialista Pedro Marques), não correu bem».

Em declarações ao nosso jornal, o autarca garante que só falou com Luís Montenegro no domingo à noite, já depois da ter estado na CNN e que a conversa se limitou ao convite para integrar a lista em segundo lugar. Moreira acrescenta que essa possibilidade «apouca as pessoas do Porto» e  que esse mal-estar se fez sentir por várias vozes já esta semana quando o primeiro-ministro visitou a Fundação Serralves. Para Rui Moreira, o assunto está encerrado e não afetou as boas relações que mantém com Montenegro, mas o autarca não quer que o seu nome continue envolvido em teorias da conspiração que possam ajudar a explicar um eventual mau resultado da AD nas europeias.

Mal-estar no PSD/Madeira

Apesar de apoiarem a escolha do cabeça de lista da AD às eleições europeias, os membros do Conselho Nacioal do PSD/Madeira votaram contra a lista proposta pela direção, por discordarem dela. Em causa está a opção de não garantir um lugar elegível para um representante da região autónoma no Parlamento Europeu.

Paulo Neves, deputado da Madeira na Assembleia da República, foi um dos que se juntou a Miguel Albuquerque no voto contra na segunda-feira à noite. «Lamento profundamente que as regiões autónomas não estejam representadas no Parlamento Europeu. No caso da Madeira, é a primeira vez que acontece», disse o deputado ao Nascer do SOL. «É inaceitável que isto aconteça com uma região em que o PSD nunca perdeu uma eleição em quase cinquenta anos e quando o partido se prepara para enfrentar eleições pouco tempo antes das eleições europeias». O deputado acrescenta que do seu ponto de vista deveria ser obrigatório que as regiões ultraperiféricas estivessem representadas em Bruxelas e que no caso das regiões autónomas dos Açores e da Madeira esse argumento tem ainda maior peso, já que é a existência destas regiões que dá a Portugal o título de país com a maior plataforma marítima da Europa.

Socialistas mudam tudo e apostam em Temido

Se o espanto nas listas da AD_esteve na escolha do cabeça de lista, entre os socialistas a surpresa foi a mudança total de nomes. Pedro Nuno Santos traz de volta todos os que até aqui ocuparam os lugares no Parlamento Europeu e aposta numa renovação total da lista.

A escolha de Marta Temido como número um dos socialistas afasta a ex-ministra da Saúde de uma possível candidatura à Câmara de Lisboa, como se tinha especulado nos últimos meses.

Numa lista composta por alguns nomes que vêm do Governo de António Costa, como é o caso de Ana Catarina Mendes, Pedro Nuno Santos optou por não repetir nenhuma das escolhas do seu antecessor.

Apesar de não serem audíveis, há lamentos e críticas nos bastidores pela não recondução de alguns dos atuais eurodeputados socialistas.

Mas a apreensão não fica por aqui, depois de conhecidas as escolhas da direção de Pedro Nuno Santos, houve quem estranhasse que Francisco Assis surgisse em segundo lugar e que o ex-ministro das Finanças, Fernando Medina, não constasse da lista. Os dois nomes tinham circulado como hipótese para cabeças a lista dos socialistas às Europeias.

Quanto a Francisco Assis, estranhou-se que, depois do apoio dado desde a primeira hora a Pedro Nuno Santos, o seu nome surja em segundo lugar numa lista que já encabeçou no passado.

Já Fernando Medina, que nos últimos dias chegou a ser dado como uma das hipóteses para cabeça de lista, acaba por não fazer parte das escolhas de Pedro Nuno Santos. A dúvida que fica no ar é se foi o secretário-geral que optou por deixar Medina de fora ou se foi o ex-ministro das Finanças que recusou o convite.