Cavaco e o chumbo da adoção gay

Aquando da campanha que acabou na aprovação da lei sobre o casamento gay, a extrema-esquerda empenhou-se em explicar, à sociedade, que uma coisa era o casamento gay e outra, diferente, era a adoção por casais gay.

Perante os receios e as dúvidas de amplos setores, da direita e do centro, a extrema-esquerda jurou a pés juntos que uma coisa não implicava a outra.

Agora, com o veto de Cavaco à lei de adoção gay, caiu o Carmo e a Trindade. O Presidente é um perigoso ultramontano, um reacionário primário, incapaz de entender os novos tempos – e que, por causa destes vetos, ainda vai sair de Belém mais de rastos.

A esquerda neste momento é liderada pelo Bloco de Esquerda, perante o esquerdismo envergonhado do PS e a incapacidade do PCP para acertar o passo neste novo quadro político.

E muitos setores do centro e mesmo da direita, temerosos de serem tidos como reacionários, acabam por ter medo de dizer o que pensam e deixam passar a procissão…

Repito: há três anos a adoção gay era um tema tabu e a extrema-esquerda empenhava-se em tranquilizar os portugueses dizendo que isso não estava em cima da mesa.

Agora, a mesma extrema-esquerda faz passar a ideia de que o país inteiro apoia a adoção gay e os que estão contra ela são uns trogloditas irrecuperáveis.

Quanto a Cavaco Silva, é óbvio que não podia fazer outra coisa. Tudo o que Cavaco faça agora será objeto de crítica e mesmo de chacota. Os portugueses são assim: gostam de bater em quem está em baixo.

Mas, entre os portugueses, a extrema-esquerda é pior. Mário Soares, que passou um mandato a fazer guerra ao Governo, e Jorge Sampaio, que dissolveu um Parlamento onde havia maioria absoluta, não ouviram um décimo do que Cavaco tem ouvido neste fim de mandato.