André Ventura. “Vamos propor um censo nacional para sabermos onde, quem são e quantos ciganos temos”

Em entrevista ao jornal i, o novo inquilino do Parlamento defende-se das acusações de racismo e diz que com ele a democracia não fica em causa.  

O que vai propor na AR relativamente à questão dos ciganos?

Acho que há um problema de ‘subsidiodependência’, há um problema de não integração no Estado de direito, de algum desrespeito ao Estado de direito e o que nós vamos propor são duas coisas: 1. Que haja um censo nacional para sabermos onde, quem são e quantos ciganos temos em Portugal, porque neste momento ninguém sabe –  sem qualquer problema de questões étnicas ou raciais. Se há um problema com a comunidade, temos de saber onde estão, quem são, que problemas têm. E em Portugal nem sequer se pode falar nisto. ‘Eles querem é saber para os tratar mal’. Nós não queremos tratá-los mal. Nós queremos é saber quem eles são, onde estão, como vivem, para podermos tratar do problema. O segundo aspeto é o controlo efetivo – não temos ainda definido como esse plano se vai chamar – sobre as regras do Estado de direito em matéria da comunidade cigana. Por exemplo, continuam a existir casamentos com raparigas de 12 e 13 anos? As mulheres continuam a não ir à escola? Para fazer isto é preciso atuar e não olhar para o lado. Mas atenção, nós vamos fazer isso em relação à comunidade cigana, como vamos fazer o mesmo sobre a mutilação genital feminina em relação a comunidades africanas que existam em Portugal, como vamos fazer a uma série de outras.

Teve algum problema com a comunidade cigana nos últimos tempos? 

Tive várias vezes durante a campanha, sim. O nosso antepenúltimo dia de campanha foi em Loures. Quando chegámos, estava uma senhora sentada na paragem de autocarro, nós estávamos em caravana, tinha estado connosco a RTP, e começou a chamar-nos racistas. Gerou-se um grande alarme, toda a gente se levantou, e a senhora ao telefone deve ter chamado outros elementos da comunidade cigana e vieram pelo menos dois carros com indivíduos que aparentavam ser de etnia cigana e nós tivemos que nos refugiar na esquadra de Loures. Os polícias estavam lá, poderão confirmar a veracidade desta história. O que é triste nisto é que é recorrente. Não me vou fazer de vítima, sei que quando digo certas coisas, estas têm consequências. Mas na verdade sou ameaçado por membros da etnia cigana frequentemente e sempre que estou na rua e passamos por eles em campanha somos ameaçados, vilipendiados ou até agredidos, etc. Mas não vamos deixar de o dizer só por causa disso. 

O Chega também é acusado de ter financiamento da extrema-direita estrangeira. Quanto é que o Chega gastou na campanha?

Não sei ainda quanto é que gastámos. Diria, em números provisórios, que os gastos andaram à volta de 20/30 mil euros. Ainda não fizemos a contabilidade. A nossa estimativa era de 150 mil, penso que gastámos 20/30 mil. Contando com eventos, outdoors, todo o tipo de campanha. O que significa que, para o Estado, a comparar com os outros partidos, tivemos uma campanha muito barata e que a subvenção a nós vai ter menos custos porque gastámos também menos dinheiro. 

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