Cavaco Silva diz que PSD não deve gastar “muito tempo com qualquer um dos outros partidos” exceto com o PS

Para o antigo chefe de Estado, o futuro do PSD passa por ele se dirigir “a todos aqueles eleitores que não estão satisfeitos com a forma de governar do PS”. 

Aníbal Cavaco Silva, antigo Presidente da República, considerou, esta sexta-feira, que o PSD tem de aparecer como o opositor constante do PS, ao denunciar as suas “atitudes reprováveis”, sem gastar “muito tempo com qualquer um dos outros partidos”.

Cavaco Silva voltou à televisão portuguesa para ser entrevistado pela jornalista Maria João Avilez, na CNN Portugal, onde deixou claro que o PSD tem um claro alvo a abater: “o PS e o seu Governo”.

Para o antigo chefe de Estado, o futuro do PSD passa por ele se dirigir “a todos aqueles eleitores que não estão satisfeitos com a forma de governar do PS. A todos: aqueles que votaram no PCP, aqueles que votaram no Chega, na Iniciativa Liberal e até os que votaram no PS. Através de políticas alternativas, através de ideias novas, diferentes e ganhando credibilidade para os portugueses serem convencidos de que podem fazer mais e podem fazer melhor".

Ou seja, "o PSD deve dirigir-se a todos os que não estão satisfeitos com o PS e não se preocupar muito com as lideranças dos outros partidos, exceto a do PS", considerou.

No entanto, "para trazer aqueles que se afastaram eventualmente do PSD para votar noutros partidos", o mais indicado, segundo Cavaco, é não criticar a escolha política desses eleitores.

"Não é através de insinuar que eles foram menos inteligentes ao votar neste ou naquele partido. Não, eu acho que o PSD deve respeitar todos os eleitores, votem eles como votarem e depois, tentar convencê-los pelas políticas que propõem, pelas ideias que defendem, e muito importante, pela denúncia dos erros, das omissões, das atitudes eticamente reprováveis do PS", sustentou.

Questionado sobre as atitudes incorretas do PS, Cavaco Silva indicou os exemplos da polémica com a nomeação do almirante Gouveia e Melo para Chefe do Estado-Maior da Armada, do “afastamento da Procuradora-Geral da República" e da escolha do procurador europeu, José Guerra.

"Até de alguma forma indo contra as regras normais de uma democracia e do Estado de direito e ao PSD compete neste momento denunciar tudo isto. Quanto a mim, não gastava muto tempo com qualquer um dos outros partidos, cada um vai à sua vida", apontou Cavaco, ao cismar numa oposição sistemática do PSD ao PS, mas como "adversário político e não como inimigo".

"O PS é um grande partido e o PSD deve ter contactos com o PS em determinadas matérias como seja a defesa nacional, a política externa, a União Europeia, são matérias em que os dois grandes partidos devem ter um contacto permanente. Mas em relação ao resto, o PSD tem que ser muito claro na identificação do seu adversário político: é aquele, não são os outros partidos", assinalou o antigo Presidente da República.

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