Morreu no dia 19 deste mês, aos 73 anos, um dos mais virtuosos estilistas da língua inglesa, um romancista admirável, mas, sobretudo, um formidável crítico literário e um grande antagonista da presunçosa afectação dos escritores contemporâneos, dessa torrente da prosa sentimentalona, regurgitando clichés, tautologias e lugares comuns.
Opositores afirmaram que a retirada dos livros prejudica ainda mais a reputação de Hong Kong e que limita o livre acesso a informação e à liberdade de expressão, algo que tem acontecido desde que este território voltou para o domínio chinês em 1997.
No centenário do poeta, é bom lembrar como lhe devemos algumas das raras avenidas sem retrocesso que foram abertas no nosso idioma, e as suas imagens que riscaram em qualquer cela ou muro os horizontes mais esfuziantes, numa ânsia de escapar desta terra desolada que fez da língua que falamos uma das que hoje têm…
Uma pequena antologia recente, com selecção e prefácio de Pedro Mexia, permite-nos ver uma forma sóbria de encarar os nossos clássicos, ao mesmo tempo que nos dá uma melodia desesperada de um dos maiores poetas da língua.
Não precisou de mais do que sete livros, com um silêncio de uma década de permeio antes de fechar a conta. Uma obra tão breve quanto fulgurante e que não merecia um calhamaço, mas que assim regressa às livrarias e nos lembra ainda que isso da “mulher” é como ficar de castigo a vida toda…
Depois de fazer um pacto com o Diabo, um homem medíocre vai escrever Um Deus passeando na brisa da tarde, Aparição e O ano da morte de Ricardo Reis. O sucesso é imediato, embora ele deteste esses livros. Por essa altura, uma prostituta a quem recorrera atinge o top de vendas com As memórias de…
A energia transbordante de uma ‘força da natureza’, um clássico da literatura autobiográfica e as meditações de um neurocirurgião sobre o fim da vida são algumas das sete propostas de leitura que deixamos para estes dias quentes.
Autor do inesperado best-seller mundial “Livrarias”, uma década depois o escritor espanhol passou por Lisboa para apresentar um livro de ensaios que recebeu o título de um manifesto que teve um enorme alcance, “Contra a Amazon”, e discutir as transformações e tendências que têm dominado o sector do livro nos últimos anos.
“Portugal Possível”, um livro assinado a três, com fotografias de Álvaro Domingues e Duarte Belo organizadas em dípticos, intercalados com textos e poemas de Rui Lage, é uma obra invulgaríssima que, sem palavras a mais, nos força a um confronto com a forma de abandalhamento a que foi sujeito o território nas últimas décadas.
Numa rara iniciativa empenhada em fazer uma reflexão sobre o campo da edição de livros entre nós, lançando de caminho um esboço sobre esse território sobre o qual os leitores parecem ter uma perspectiva cada vez mais brumosa, nas suas conversas com editores a livraria Tigre de Papel tem permitido uma indagação e um debate…
Uma tese inovadora sobre a Primeira Cruzada, um estudo que avalia a influência do luteranismo no pensamento político moderno, a Grande Guerra em mapas e uma dissecação da reunião onde os nazis planearam a ‘solução final’: quatro títulos recentes e um total de mais de mil páginas que cobrem mil anos de História.
Mais do que a consciência moral daquela nação que sofreu uma humilhação e uma derrota devastadoras na II Guerra Mundial, Kenzaburo Oe forçou o Japão a sentir a vergonha e a culpa por uma série de actos criminosos no seu passado recente, ao mesmo tempo que se bateu para travar o renovado ímpeto nacionalista das…
Quarenta e três anos depois de Os Cus de Judas, Lobo Antunes desinteressou-se da história, ou talvez já não tenha grande coisa para contar, e tudo não passe, para ele, de um interminável jogo de linguagem.
Das preciosas lições de Gonçalo Ribeiro Telles aos testemunhos sobre o enigma de ser português escolhidos por Marcello Duarte Mathias, selecionámos cinco títulos de não ficção que valem (mesmo) a pena.
Herdeiros do saber do mestre encadernador Victor Luiz dos Santos, Fernando Pinheiro Santos e Andreia Tibério dos Santos, pai e filha, montaram em Cascais uma oficina que nos faz recuar no tempo. Aqui trabalha-se sem pressa para produzir livros que estimulam o intelecto e os sentidos.
Em “Levar Caminho I”, um dos mais influentes e polémicos poetas das últimas duas décadas inicia o processo de reunião da sua vastíssima obra, convocando assim os leitores para um balanço e uma revisão não só desta poesia como dos abalos e dos equívocos que gerou.
É poeta e ficcionista e tem vindo a construir uma obra de pessoalíssima voz. Nasceu em 1941 em Chacim, uma antiga vila de Macedo de Cavaleiros e é conhecido o seu desapego pelas grandes cidades e pela via rápida (tantas vezes efémera ou imediatamente mortal) do produto desnacionalizado.
Nascido em São Paulo, no Brasil, em 1960, escritor e artista plástico, é também encenador, compositor e ensaísta. O seu trabalho tem sido distinguido por toda a parte, e teve por cá editado pela Cotovia o magnífico “Ó”, uma obra inclassificável, de uma graça expressiva e de uma voracidade de instinto que superam o melhor…