Com o anúncio da disponibilidade de António Costa para avançar para a liderança do PS, e a consequente instabilidade interna que se gerou no maior partido da oposição, a maioria PSD/CDS viu os holofotes virarem-se todos para o outro lado – algo inesperado depois de a Aliança Portugal ter sido derrotada nas europeias – e a pressão sobre o Governo aliviou. “Estamos a assistir de cadeirão a este ‘espectáculo’”, defendeu ao SOL um destacado dirigente do CDS.
A possibilidade de virem a ter António Costa como adversário preocupa mais os sociais-democratas e os centristas. Mas também há quem chame a atenção para os efeitos nefastos deste ‘assalto ao poder' levado a cabo por Costa e as sequelas que deixará no maior partido da oposição. “Serão inevitáveis as clivagens internas e Costa vai ter muito pouco tempo para andar a colar os cacos do partido”, alertou ao SOL um vice-presidente de Passos Coelho.
No mesmo sentido, um membro da direcção do CDS recorda o que sucedeu quando Paulo Portas regressou à liderança do CDS e forçou directas contra Ribeiro e Castro e o que isso lhe custou no partido. "Andou um ano a colar os cacos todos no partido, e até muitas pessoas que lhe eram próximas não gostaram da forma como avançou. Mas foi em 2007 e as eleições eram só em 2009, teve tempo", reforça a mesma fonte.
E certo é que se Seguro se aguentar, caso Costa não consiga o congresso extraordinário ou não vença as directas no PS, a verdade é que o actual secretário-geral do PS já sai mais fragilizado como líder da oposição depois deste processo de disputa interna. Portanto, para já, a direita esfrega as mãos enquanto assiste ao que se está a passar na família socialista.
E quanto a uma decisão sobre nova coligação nas legislativas de 2015, esta é adiada pelos dois partidos para um "momento oportuno". Para já, PSD e CDS querem aproveitar e fazer render o facto de instabilidade estar assombrar, desta vez, o PS.
Uma coisa é certa, PSD e CDS garantem que se for Costa o adversário que tenham de enfrentar nas legislativas de 2015 não será esse o facto determinante para os dois partidos decidirem se vão juntos ou não a votos.