Ainda durante o consulado de José Sócrates, o ano de 2010 esteve recheado de despesas extraordinárias. Ou seja, despesas que não se voltaram a repetir.
Submarinos e BPN inflacionaram a despesa
Nesse ano, entraram para as contas da despesa primária do Estado gastos como a compra dos submarinos (mil milhões de euros), as imparidades do BPN (1.800 milhões de euros), a execução da garantia concedida pelo Estado ao BPP (450 milhões de euros) e o registo da dívida da Madeira (695 milhões de euros).
Tudo somado e segundo os dados da UTAO (Unidade Técnica de Apoio Orçamental no Parlamento), a despesa primária ficou em 2010 nos 87 mil milhões de euros, incluindo as despesas extraordinárias. E foi esse valor que Passos Coelho comparou com a despesa de 2015 – um ano em que nos dados da UTAO não aparecem quaisquer despesas extraordinárias.
Se a comparação fosse feita sem estas despesas, a redução não seria tão impressionante como os quase 11,5 mil milhões de euros de que Pedro Passos Coelho foi falar à Assembleia da República. Sem submarinos, BPN, BPP e outros gastos que não se voltaram a repetir, a diferença entre o que o Estado gastou em 2010 e o que deverá gastar em 2015 é de apenas 6,3 mil milhões de euros: pouco mais de metade do número exibido pelo primeiro-ministro no Parlamento.