Enquanto percebem para que lado pode virar Costa, a PàF vai avançar para a formação de um governo, como já anunciaram Passos e Portas. Com mais mandatos, PSD e CDS cumprem o critério que o Presidente da República tinha já definido para a constituição de um novo executivo.
Continua a sombra da instabilidade
Apesar disso, a sombra da instabilidade não desapareceu. Sem maioria absoluta e sem a certeza de que Costa não se aliará à esquerda para rejeitar o programa de governo ou se cumprirá a promessa de inviabilizar o Orçamento do Estado – como anunciou na campanha –, a coligação não dá nada como certo.
Entre os dirigentes da PàF há, contudo, a ideia de que António Costa é um líder a prazo e de que a sua substituição por alguém mais moderado, como Francisco Assis, pode ajudar a formar entendimentos que permitam levar o mandato até ao fim.
A moderação é, por isso, a palavra-chave. Ou através de entendimentos para manter a governação ou como argumento eleitoral em caso de eleições antecipadas.
Costa perdeu por encostar à esquerda
O raciocínio que se faz no PSD e no CDS é o de que António Costa saiu derrotado das eleições precisamente porque decidiu jogar à esquerda quando as eleições se ganham ao centro.
Na coligação acredita-se que uma radicalização do PS que leve à inviabilização da governação e a eleições antecipadas poderá repetir a história da primeira maioria absoluta de Cavaco.
Ou seja, caso o país vá a votos daqui a menos de um ano, a coligação tem a esperança de melhorar o resultado e alcançar a maioria absoluta.
Para o conseguir, a estratégia é continuar a apresentar-se como a única solução de estabilidade. Foi com isso no pensamento que Passos e Portas anunciaram que irão formar governo, sempre disponíveis para “compromissos” e “entendimentos” com o parceiro mais natural do centro, o PS.
Esse discurso é para continuar. Caso não resulte para segurar um mandato de quatro anos, pode ser a fórmula para garantir uma maioria em eleições antecipadas.