A tensão é evidente e a coligação faz questão de referir que o envio da proposta foi feito “no escrupuloso cumprimento do calendário” que tinha sido acertado com António Costa na reunião de sexta-feira.
Depois das declarações de Costa à saída do encontro com a líder do BE, sociais-democratas e centristas acusam o toque e não querem ficar na fotografia como aqueles que não deram todas as condições para encontrar uma fórmula de estabilidade política.
Da sede do PSD saiu, então, um “Documento facilitador de um compromisso entre a Coligação Portugal à Frente e o Partido Socialista para a governabilidade de Portugal”. Mas para já só se sabe o título, já que ainda ninguém avança com o seu conteúdo.
Em que é que o PSD e o CDS podem ceder?
Há, contudo, alguns pontos que podem servir para aproximar a PàF do PS. Um deles poderá passar por deixar cair o plafonamento de pensões, acompanhando a proposta socialista de diversificar as fontes de financiamento da Segurança Social, mesmo que não adotando a baixa de TSU para trabalhadores que estava no programa do PS.
A coligação deve ainda estar disponível para deixar cair propostas nas áreas da Saúde e Educação que promovam a liberdade de escolha, respeitando as ideias do PS sobre esta matéria.
Outra possibilidade de acordo passa por tentar acelerar o ritmo da reposição de cortes em salários da Função Pública e da devolução da sobretaxa de IRS. Mas isso sempre respeitando as regras do défice e, como já avisou Passos, compensando oe efeitos na receita com medidas alternativas.
Dentro do mesmo espírito e com medidas compensatórias, pode haver uma aproximação de posições sobre a redução do IVA da restauração à qual o PSD sempre resistiu, mas que é defendida pelo PS e será bem vista pelo CDS.
Mais complicado pode ser o acerto no IRC. A PàF defende que se deve continuar a aliviar as empresas deste imposto, seguindo o calendário que tinha chegado a ser acordado com o então líder do PS, António José Seguro. O PS de Costa prefere não baixar este imposto para poder antes aliviar as famílias em vez das empresas. Estão em causa modelos económicos divergentes. Resta saber qual poderá vencer em caso de acordo entre estas duas forças políticas.