Costa diz a Passos que recusou lugares no Governo ‘desde o início’

António Costa já respondeu à carta de Passos Coelho e garante que o PS não quer lugares no Governo. “O que nos separa não são lugares no Governo, que recusámos desde o início”, escreve o líder do PS.

Numa carta intitulada “O que divide o PS da coligação de direita são as políticas programáticas”, Costa considera que a missiva do líder do PSD – que convidava o PS a integrar o Governo – tinha como “único propósito procurar inverter o ónus de pôr o ‘ponto final’” nas conversas entre PS, PSD e CDS.

Para o secretário-geral dos socialistas o que ainda afasta o PS da coligação é a mudança da política de austeridade: “Quero contudo deixar claro a quem leia esta carta, o que já lhe tive oportunidade de transmitir: o que nos separa não são lugares no governo, que recusámos desde o início, ou o relacionamento pessoal – bastante cordial, devo reconhecê-lo – mas a imperiosa necessidade do país e a soberana vontade dos portugueses de uma reorientação de política, que persistem em não aceitar”. 

Costa pede novamente que a coligação responda “integralmente” aos dados financeiros que o PS solicitou, argumentando que a resposta dada foi “muito insuficiente”. E acusa PSD e CDS de se terem limitado a rejeitar “em bloco” a missiva socialista “com o extraordinário argumento de serem as bases programáticas e as medidas constantes do programa do PS”, em vez de identificarem “os pontos de concordância e discordância”. “Mas o que esperava? Que propuséssemos as medidas do programa do PSD/CDS?”, questiona o líder socialista.

Quanto a um apoio a um Governo da coligação, o líder do PS repete que, na noite das eleições, o PS reconheceu que cabe a PSD e CDS, que obtiveram mais votos a 4 de Outubro, criar condições de governabilidade e que os socialistas não iriam contribuir para uma maioria negativa sem assegurar uma alternativa credível.

“Ou seja, não só reconhecemos o legítimo primado de iniciativa do PPD/PSD como partido com maior representação parlamentar, como assegurámos uma atitude construtiva e de não obstaculização da sua ação governativa ou de inviabilização da formação de um governo de sua iniciativa, sem que houvesse uma alternativa real e credível”, pode ler-se na carta colocada no site oficial do PS.

A terminar a carta, Costa deixa tudo em aberto: “Reafirmo-lhe que, responsavelmente, o PS procurará assegurar as melhores condições de estabilidade e governabilidade que garantam esta reorientação [da política de austeridade], no quadro plural da nova representação parlamentar”.