Por isso, na sequência do que pediu antecipadamente e em defesa da estabilidade política e da governabilidade, Cavaco deve condicionar a posse do Governo minoritário de Passos Coelho a um caderno de encargos e de condições políticas a assumir. As mesmas condições fortíssimas e indeclináveis que o Presidente terá que impor a António Costa, caso este derrube o Governo de Passos e apresente a Cavaco a proposta de um Governo de esquerda, com apoio do PCP e do BE.
Marques Mendes recordou o exemplo de Jorge Sampaio e Santana Lopes em 2004 e já avançou, no seu programa da SIC de domingo, três tipos de "condições indispensáveis" que o PR deverá colocar e um eventual Governo de António Costa: o respeito pelos compromissos internacionais que Portugal assumiu, garantias de responsabilização política dos partidos apoiantes do Governo, um Orçamento do Estado que respeite o teto máximo do défice de 3% devidamente detalhado e sustentado.
Em nome da coerência política e até em defesa da sua equidistância e autoridade políticas, Cavaco Silva deve impor essas mesmas condições e princípios ao Governo de Passos Coelho e Paulo Portas. Desde já e antes de lhe dar posse. Até porque Passos, ao contrário de Costa, não terá qualquer dificuldade em os assinar e respeitar.