A indigitação de António Costa foi uma boa notícia para Marcelo Rebelo de Sousa. O fim do impasse retira pressão sobre o candidato, evita que as presidenciais sejam uma «segunda volta das legislativas», como o próprio queria evitar, e permite voltar a tentar posicionar a candidatura ao centro, para ir buscar votos não só à direita, mas também à esquerda. E até as boas relações entre o professor e o agora primeiro-ministro ajudam.
As conversas ao telefone
Marcelo e Costa falam com alguma regularidade ao telefone e dão-se bem, o que permitirá que se entendam facilmente caso o ex-comentador político seja eleito para suceder a Cavaco Silva.
Uma fonte da candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa à Presidência da República confirma ao SOL que o professor e o novo primeiro-ministro mantêm uma boa relação, explicando que «mais do que amigos são dois velhos conhecidos».
Ou seja, com Costa em São Bento e Marcelo em Belém, haverá «uma relação fácil» entre o Governo e a Presidência. Isto, apesar de «não serem visita um do outro, nem almoçarem ou jantarem juntos», como frisa a mesma fonte .
O próprio Marcelo fez questão de dar nota de alguma proximidade com Costa quando, ao cumprimentá-lo pela sua indigitação, sublinhou o facto de se tratar de um «antigo aluno».
Ao dizer que «as felicidades [de Costa] são as felicidades de Portugal», o professor aproveitou também para dar um recado ao eleitorado que teme que, como Presidente, possa ser um adversário do novo Governo de esquerda. Marcelo não quer ser visto como um candidato de fação, porque os votos do eleitorado da direita não chegam para uma vitória à primeira volta.
A indigitação de Costa veio por isso dar um novo fôlego à candidatura de Marcelo, já que deixa de ser tão importante à esquerda eleger um Presidente que garanta a posse da governação – uma questão que se colocaria se o Governo de Passos se mantivesse em gestão. «Ajuda e muito à candidatura e até mesmo à desejada eleição logo à primeira volta de Marcelo», reconhece uma fonte próxima do candidato.
Há, de resto, ainda a tese de que os portugueses nunca põem os ovos no mesmo cesto, pelo que um Governo à esquerda dará mais hipóteses a Marcelo – que segundo a mais recente sondagem não tem ainda garantida a eleição à primeira volta.