Marcelo tinha dito que António Costa era um ‘”irritante optimista” e Passos esta tarde parafraseou o Presidente para contrapor a sua atitude: “sou conhecido por ser um irritante realista ao olhar para a realidade”. Mas nesta conferência de imprensa, feita para criticar o governo, o nome de Marcelo também viria à baila na fase das perguntas.
Respondendo aos jornalistas sobre a declaração de Marcelo Rebelo de Sousa, primeiro deixando antever uma crise depois das autárquicas, depois afastando essa possibilidade, Passos Coelho começou por dizer que não comenta o Presidente da República e que não anseia por uma crise. Mas também clarificou que “a sobrevivência política deste governo não depende do PSD”.
“Não fiz [na declaração] nenhuma observação sobre crise política, antes pelo contrário”, afirmou Passos, explicando que pretende é responsabilizar o governo pela situação do país. “O Presidente da República está numa posição que não é partidária. Não vou fazer comentários”, disse, explicando que com o “Presidente Rebelo de Sousa” como antes com Cavaco Silva tem por hábito não comentar declarações de Belém.
“O Presidente Rebelo de Sousa deve ser ouvido com atenção e levado a sério nas declarações que faz”, afirmou de seguida. Reiterando a afirmação de que a voz do PR deve estar “num plano diferente dos partidos” concluiu dizendo “não espero que o PR fale para dar voz aos partidos”.
Num dia em que na agenda política a greve dos estivadores e a questão da devolução do horário de 35 horas aos funcionários públicos surge em destaque, o líder do PSD acusou o governo de ceder perante o BE e o PCP e os sindicatos. “O que interessa ao governo é assegurar a sua sobrevivência política”, afirmou.
Passos Coelho diz que “o ambiente democrático tem vindo a perder qualidade e deteriorar-se”. Enquanto “o governo capitula perante as exigências sindicais , e se comporta como um “refém dos seus próprios acordos”, ignora as propostas do PSD, acusa Passos. “ O diálogo não é mais do que uma fachada”, considerou.
Em termos económicos, “estes seis meses serviram para recolocar Portugal no radar das desconfianças dos investidores”. A evolução da economia é “um desastre”, resume o anterior primeiro-ministro, fazendo referências à inversão na privatização da TAP (um “capricho político”), à reposição de feriados e de rendimentos “perigosamente desligados da evolução da economia” e à “desastrada reposição das 35 horas” na Função Pública.
Passos aludiu ainda à polémica dos contratos com os colégios privados, acusando o executivo de António Costa de “uma reversão que atinge formas de retrocesso democrático”. E falou das nomeações e demissões de dirigentes do Estado para concluir que os socialistas estã a “agravar a partidirização” da Administração Pública.