O governo diz também que a despesa com o pessoal subiu 2,7%, “em parte explicado pela reposição salarial no Estado”. Abril foi o primeiro mês da segunda fase da reposição dos salários na função pública, já que depois da devolução de mais 20% em janeiro, os trabalhadores do Estado passaram a receber mais 20% do corte a partir de abril. Só em outubro esta reposição faseada estará completa. No entanto, as Finanças desvalorizam aquele acréscimo – muito próximo da meta anual de 2,8% – ao sublinhar que “as remunerações certas e permanentes aumentaram apenas 1%”. “Descontando os efeitos intra-anuais e incorreções no reporte, as despesas com pessoal aumentariam 1,3%”, garante o ministério tutelado por Mário Centeno.
Já o ex-primeiro-ministro Passos Coelho apresentou também ontem um conjunto de indicadores de desempenho do país nos últimos meses – execução orçamental, PIB e saldo externo – para acusar o executivo de seguir “um caminho arriscado para as contas públicas e credibilidade externa”, e duvidou das previsões de crescimento. “Mesmo que a economia nos próximos trimestres crescesse a um ritmo cinco vezes superior ao dos últimos três meses, ainda assim não cresceria senão 1,2% contra 1,8% que o governo prevê”, afirmou Passos, que considerou que o objetivo para o ano está “comprometido”, com consequências graves para a política orçamental, já que põe em causa a receita e o défice.