Jerónimo de Sousa apelou neste sábado em Benavente, no distrito de Santarém, ao reforço ao voto na CDU neste ano de “importantíssimos combates eleitorais”. E aproveitou o discurso que fez após um almoço que reuniu três centenas de apoiantes para denunciar a “operação de chantagem de demissão” do governo com o “fito” de obter uma vantagem eleitoral, que, afirma, veio deixar a descoberto a convergência do PS com os partidos da direita parlamentar.
"Aquilo a que assistimos nos últimos dias à volta da demissão do Governo a pretexto da reposição do direito à progressão de carreiras dos professores e restantes trabalhadores com carreiras especiais é bem revelador de como PS, PSD e CDS continuam irmanados na obediência à submissão às imposições da União Europeia, colocando-as à frente dos direitos dos trabalhadores e da resposta aos problemas nacionais", afirmou o secretário-geral do PCP.
Para Jerónimo de Sousa, a "ameaça de demissão do Governo a cinco meses de eleições é denunciadora dos seus propósitos" e foi feita "com o fito de obtenção de uma possível vantagem eleitoral, a pensar que a precipitação das eleições pudesse deixar o PS perto da maioria absoluta".
Para Jerónimo de Sousa, são "particularmente reveladores" os argumentos utilizados pelo primeiro-ministro, acompanhado do PS, que a seu ver vêm "repor o velho discurso da política do PEC e do 'pacto de agressão', embrulhado na apocalíptica ameaça da insustentabilidade financeira" e de que "não há alternativa".
Afirmou ainda que depois da "ameaça" de demissão de António Costa o PCP recebeu apelos para que não deixasse cair o governo nem permitisse um regresso da direita.
“Não se pode ter tudo ao mesmo tempo”, afirmou o líder comunista. "Então, o mesmo governo que diz, acompanhado depois pela direita, que não há possibilidade, segundo os critérios da União Europeia e as disponibilidades orçamentais, que concretizar esta medida não tinha sustentabilidade orçamental, financeira. Ai não? Então, camaradas, vamos lá a contas. Reparem, a mesma verba que anunciaram para os professores — que é falsa, porque é para todos os setores da Administração Pública —é precisamente a verba que o Novo Banco está a receber sem nenhuma preocupação por parte da União Europeia, do Governo do PS, da direita, de que isso iria atrasar as contas públicas".