O primeiro-ministro António Costa foi convidado da edição desta quarta-feira do programa 'Tenho uma pergunta para si', transmitido em simultâneo na TVI e na TVI24 e conduzido pelo jornalista Pedro Pinto. Questionado pelo público em estúdio mas também pelos cidadãos nas redes sociais – através da hashtag #perguntaCosta – o atual chefe do Governo e recandidato a primeiro-ministro nas eleições de 6 de outubro foi também entrevistado pela jornalista Paula Costa Simões e pelos comentadores Constança Cunha e Sá e Pedro Santos Guerreiro.
Naquilo que diz respeito à política económica, o antigo Presidente da Câmara Municipal de Lisboa esclareceu que espera que o país continue a crescer acima da média na medida em que "os sinais que temos dão-nos boas perspetivas para encarar o futuro". Já sobre os impostos, foi assertivo: "Temos de prosseguir a trajetória de redução dos impostos". O ciclo de investimento das empresas "continua a existir" e "continua a diminuir o desemprego", porém, na ótica de Costa, "qualquer crise internacional será problemática" ainda que estejamos "melhor preparados para a enfrentar".
E alterações de fundo, existirão num próximo Governo? O secretário-geral do PS não acredita nessa hipótese e elucidou: "Nunca colocarei aos portugueses a chantagem de dizer ou me dão maioria ou não governo". Já naquilo que diz respeito a uma futura 'geringonça', pergunta bastante presente no decorrer da entrevista, Costa deixou claro que "uma das chaves da estabilidade desta solução política foi ter ficado claro as matérias sobre as quais não havia entendimento possível" e, caso tivesse existido uma "coligação formal com ministros do do PEV, do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista se calhar a solução teria sido muito menos estável do que aquela que tivemos".
"Estamos a afastarmo-nos dos mais pobre da UE" rematou o primeiro-ministro, avançando que "o grande esforço de investimento nesta legislatura não foi investimento público, foi investimento privado, empresarial". Por outro lado, explicou que o salário mínimo, nesta legislatura, "aumentou 20%" e o objetivo "é prosseguir esta trajetória" pois o ideal é estabelecer na concertação social uma meta "logo no início da legislatura" não só para os rendimentos mas também para "o salário médio e o salário dos jovens licenciados" que têm de "subir significativamente".
"Vamos prosseguir a trajetória de desagravamento do IRS. A classe média está particularmente afixiada" declarou Costa abordando a temática da fiscalidade, referindo que urge criar condições para aumentar o rendimento disponível das famílias "seja por redução da carga fiscal ou seja pelo aumento das transferências não remuneratórias, como sejam o investimento que tem de ser feito nas creches, nos transportes público ou nas políticas de habitação acessível".
Sublinhe-se que uma professora questionou Costa acerca da motivação que os docentes podem ter para iniciar mais um ano letivo sendo que se encontra "revoltadíssima" com o panorama atual das instituições, contudo, o líder do PS mostrou-se compreensivo: “Sentem-se enganados pela forma como foi desenhada a sua carreira e não foi cumprida. Nunca assumi qualquer compromisso além do que conseguia fazer e fui aos limites dos limites do que podia fazer”.
"Temos condições e vontade de fazer mais e melhor" revelou Costa, afirmando que "o PS foi o fator de equilíbrio governativo que permitiu que esta legislatura corresse bem". De seguida, clarificou: "nesta legislatura, cumprimos todos os compromissos que assumimos com os portugueses, com a União Europeia e com os nossos parceiros fundamentais (…) conseguimos ir mais além daquilo que tínhamos previsto".
Uma das últimas perguntas prendeu-se com a eventual criação do Museu Salazar e Costa assumiu que não teve oportunidade de falar com o presidente da Câmara Municipal de Santa Comba Dão e ainda não compreendeu se seria "útil": "se é um museu de desculpabilização de Salazar, obviamente que sou contra mas se tem que ver com a interpretação da nossa História, bom, é diferente".
No final da entrevista, a percentagem de telespetadores que tinha avaliado Costa negativamente situava-se nos 58% enquanto aqueles que viam o atual primeiro-ministro de uma forma positiva era de 42%.