Ana Catarina Mendes afirmou que no dia de hoje era preciso homenagear "dos mais conhecidos, aos mais anónimos, todos os que deram com o seu sangue, a sua vida, para que Portugal pudesse mudar".
Dirigindo-se aos portugueses, a socialista afirmou que "estamos todos juntos a enfrentar a pandemia, cumprindo todas as normas da Direção Geral da Saúde".
Depois de citar Manuel Alegre, Ana Catarina Mendes deixou uma questão. "Acaso podíamos estar nós, deputados, que não no Parlamento, para assinalar os 46 anos do 25 de Abril?", questionou, não hesitando na resposta. "Não, não podíamos. Mesmo em contexto de estado de emergência. A democracia não está suspensa", defendeu, dizendo que, se o Parlamento fosse fechado ao 25 de abril, nenhum dos deputados estaria à altura. "Hoje, mais do que em qualquer outro dia, a casa da democracia tem que dizer: presente", afirmou.
"Pela primeira vez, Portugal comemora o 25 de Abril com a liberdade condicionada", começou por dizer Rui Rio, relembrando que a pandemia limitou a cerimónia.
"Mas aquilo que pode parecer, à primeira vista, negativo, é, no fundo, um exemplo positivo do próprio regime democrático", afirmou o líder do PSD, defendendo que as respostas foram dadas com legalidade constitucional. Rio afirmou que a democracia está presente "ao demonstrar que ela encerra em si mesma mecanismo de funcionamento capazes de responder com eficácia a uma circunstância única e excecional". O líder do PSD acrescentou que "teria sido dramático "se por cobardia ou complexos de ordem ideológica não tivéssemos aprovado o estado de emergência" e, consequentemente, não tivessem sido impostas medidas restritivas. "A bem da democracia, tal não aconteceu", defendeu.
Alertando para a existência de uma segunda onda da pandemia, Rio relembra que terá que haver uma melhor respostas por parte do SNS, mais equipamentos, mais testes, mais proteção individual.
Moisés Ferreiras começou por agradecer a todos aqueles não deixaram parar o país. "A todos eles devemos muito, a todos eles agradecemos muito", afirmou.
"Hoje não descemos a Avenida, mas não esquecemos que a liberdade é o nosso chão", afirmou o deputado bloquista, explicando que apesar de não serem feitas algumas das celebrações que marcam este dia, esta é uma data que hoje é "ainda mais importante no significado".
Apesar de as medidas de confinamento resultantes do estado de emergência, o Bloco defendeu que estas não servem para deixar a democracia suspensa. "Nem serve para atacar direitos e liberdades conquistas", afirmou, acrescentando que a atual pandemia "não encerra as portas que Abril abriu".
O deputado bloquista acrescentou que da situação em que o país está a viver vão sendo tiradas algumas lições, nomeadamente, no que diz respeito à saúde. "Não são os privados que fazem da saúde mercadoria, os que fecharam portas ou os que viram na epidemia mais uma oportunidade de negócio" que "nos salva", mas sim um Serviço Nacional de Saúde que "faz falta".
"Decidiu, e bem, a Assembleia da República comemorar a Revolução de Abril", afirmou Jerónimo de Sousa, acrescentando que, se há momento em que a data não pode deixar de ser celebrada, é agora. "Sim, impunha-se estar aqui. Para exaltar a determinação do nosso povo, que ama a liberdade", acrescentou.
O secretário-geral do PCP disse ainda que o 25 de Abril trouxe "um tempo novo, em rotura com o passado fascista, opressor e obscurantista, que hoje alguns, vestindo novas e dissimuladas vestes pretendem branquear denegrindo Abril".
"Vivemos tempos difíceis", afirmou, explicando que "os que há pouco diziam que vivíamos acima das nossas possibilidades estão de volta", debitando "velhas receitas" que usam para justificar o aproveitamento e a exploração. "Ei-los, ensaiando o discurso das inevitabilidades de cortes nos salários, das pensões e dos direitos e a pensar em manter intocáveis os seus elementos de exploração".
Telmo Correia começou por afirmar que o número de deputados e convidados "foi reduzindo". "Afinal, ao contrário do que disseram, a questão nunca foi ideológica. Quando muito, era uma questão de lógica", explicou, referindo-se à polémica acerca do número de convidados e deputados que iam assistir à sessão solene.
"Não usarei a liberdade que devo ao 25 de Abril para responder ao muito que ouvimos por termos esta posição", afirmou o deputado centrista.
"Com esta cerimónia, o que o poder político está a dizer é que permite para si mesmo aquilo que proibiu aos portugueses", criticou o deputado do CDS. "Enquanto aqui nos juntamos, os portugueses não se podem juntar para celebrar nada", reforçou, relembrando que houve pessoas que não se puderam despedir das vítimas mortais.
"Todo o país deve respeito a este Parlamento, mas o Parlamento também deve respeitar os portugueses. Hoje, 25 de abril de 2020, a nossa liberdade coletiva é defendida por todos os que, na primeira linha, estão a salvar vidas, mas também pelos que, respeitando o que o poder político determinou, estão confinados, abdicando da sua liberdade individual", afirmou, explicando que por estas razões "este é um mau exemplo". "Não o podemos aceitar", defendendo que a resposta passa por políticas de valorização e criação de emprego.
Inês de Sousa Real afirmou que evocar Abril em 2020 requer "a renovação e fortalecimento de valores democráticos". "Abril está para cumprir nos seus princípios fundamentais como o princípio da igualdade", explicou, sublinhando que "para o desempenho do mesmo trabalho", as mulheres continuam a receber menos e "apesar de mais habilitadas, continuam a ter dificuldade de acesso aos cargos de chefia".
Também na pobreza, como no acesso à Justiça, como no acesso à habitação "Abril continua por cumprir".
José Luís Ferreira afirmou que as celebrações deste 25 de Abril servem para não deixar desvanecer "a importância que a liberdade e a democracia representam para nós enquanto povo". "Aqui estamos, como estivemos para decidir medidas de combate à crise", afirmou, explicando que estão a ser respeitadas todas as regras de saúde pública.
Afirmando que "para trás ficou a repressão, a PIDE, a censura", o líder do partido Ecologista Os Verdes defendeu que para trás ficou ainda "um país a preto e branco e um povo obrigado ao seiscentismo de ideias com travo a mofo".
"Falar da Revolução dos Cravos é falar da coragem dos Capitães de Abril que nessa madrugada saíram dos quartéis para sacudir aquele presente", defendeu, salientando a coragem dos homens e mulheres que lutaram.
André Ventura começou por afirmar que "não deveríamos estar aqui hoje porque os portugueses não puderam estar ao lado daqueles que perderam".
O líder do Chega questionou de que vale "E depois do Adeus" nas rádio se Portugal continua a ser "um dos mais países com índices de corrupção da OCDE".
Afirmando que os tempos futuros são "os tempos mais difíceis de sempre", o líder do Chega defendeu que é tempo de perguntar o que significa Abril hoje.
"Hoje celebramos o fim da ditadura e o início de um regime democrático", começou por dizer, acrescentando que é preciso outro. "Com um respeito enorme àqueles que lutaram naquela manhã, precisamos que uma nova madrugada venha", porque, segundo o líder do Chega "esta já não serve".
João Cotrim de Figueiredo afirmou que entrou na vida política "para defender o liberalismo que não tinha voz em Portugal". Citando uma carta escrita ao filho mais novo, que hoje faz 18 anos, o líder da Iniciativa Liberal falou acerca da importância da data. "Nasceste a 25 de Abril, uma coincidência feliz para te lembrar que nunca deves tomar a liberdade como garantida", afirmou, sublinhando que Portugal "é menos produtivo em termos relativos" do que há dezoito anos. "Pela parte que me toca, desculpa. É possível mudar", afirmou, explicando que assim acontecerá se "resistirmos ao conformismo". "Mas nada disto cairá do céu", afirmou, defendendo que o 25 de abril foi feito para libertar as gerações de uma ditadura, mas, "acima e tudo" para libertar os jovens que "tudo e todos" que não os deixam procurar aquilo que desejam.
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