Alberto João Jardim: “Fui muitos anos do Conselho de Estado e aquilo não serve para coisa nenhuma”

Alberto João Jardim acredita que, ‘se a rua se indignar e se a sociedade civil se mexer, este Governo não chega ao fim dos quatro anos’.

O ex-presidente do Governo Regional da Madeira não tem grandes expectativas em relação ao novo Governo e acredita que irá pôr fim «à classe média, em nome de uma utopia igualitarista». Alberto João Jardim aponta o dedo a Marcelo Rebelo de Sousa, considerando que o «Presidente da República foi o maior aliado de António Costa durante este tempo todo», conduzindo a esta situação que se vive no nosso país. Apesar das críticas, confessa que votou em Marcelo nas duas últimas eleições presidenciais, mas garantiu que foi por não ter alternativa. Jardim afirma que fala com o chefe de Estado, mas não de questões políticas.

Quanto ao futuro do PSD também não se mostra otimista. Diz que o partido foi alvo de um assalto por parte da maçonaria e afirma que o candidato à liderança «tem de ser de uma pessoa que não esteja ligada às sociedades secretas e que tenha o mínimo de prestígio junto da sociedade civil» para voltar a chamar a atenção dos que viraram as costas à política.

Em relação à possibilidade de poder vir a integrar o Conselho de Estado, no caso do seu nome vir a ser indicado, disse apenas: «Só posso aceitar convites se for mesmo um imperativo da República. Fora isso tenho é que gozar os meus últimos dias».

Já foi anunciado o novo Governo, com menos ministros. O que está à espera?

Não estou à espera de nada de especial. Como não sou ideologicamente socialista e como acho que o Governo nos últimos anos foi sempre mau, podem fazê-lo mais pequeno ou maior que não espero nada de especial. Vamos continuar a viver num país que não cresce economicamente, em que o dinheiro é para comprar votos e, como haverá cada vez menos dinheiro, vão dando cabo da classe média.

Alertou recentemente no Twitter para o risco do aumento da inflação. Um problema que já estamos a viver…

Mas isso também é ocasionado quer ainda por sequelas da covid, quer sobretudo pela guerra. Este Governo não está preparado para fazer o volte-face que se exige e que passa por duas coisas. Por um lado, o regime democrático não está em causa em Portugal, mas o sistema político está ultrapassado e está ultrapassado há mais de 40 anos. Os socialistas têm-se recusado sempre adaptar o regime aos tempos modernos. Por outro lado, as políticas económicas do Governo socialista não levam a parte nenhuma. Vamos continuar a assistir ao fim da classe média, em nome de uma utopia igualitarista que é pôr toda a gente proletária.

Por isso disse que íamos continuar a sustentar quem não trabalha?

Exatamente, só que agora vai ser mais difícil , com o aumento dos custos, quer das matérias-primas, quer dos custos de produção em si, sobretudo devido ao impacto da energia e dos transportes, a política de comprar votos e estar a sustentar quem não trabalha à custa da classe média já não vai ser possível a António Costa. Por isso, pode ter um Governo gigante ou pode ter um micro Governo que não vai resolver nada.

Porque não vai haver dinheiro?

Não há dinheiro. Acabaram-se as fantasias. Esta guerra vai provocar uma enorme reviravolta no mundo e, como tal, não há dinheiro para fantasias, nem para criar tachos políticos, nem para alimentar todos os dias ONG´s que servem para as pessoas andarem de carrinho de graça e viverem à custa do Estado. Tudo isso vai acabar.

A guerra vem agravar ainda mais a situação económica que já estava fragilizada com a pandemia…

O problema acresce por causa de António Costa. O_Sr. Costa é boa pessoa – individualmente considerado –, mas é um homem que não tem arcaboiço de estadista, faz sempre política em função do partido e não em função de Portugal. E numa circunstância destas em que são precisos estadistas desconfio que não tenha quaisquer linhas para poder enfrentar o problema.

Diz que o sistema político está ultrapassado e que é necessário sofrer adaptações. O que deveria ser feito?

Devia mudar tudo, desde as leis eleitorais à redução do impacto do Estado na vida coletiva, ao aperfeiçoamento dos direitos, liberdades e garantias, em que o sistema de justiça ainda está muito influenciado por processos marxistas. Ou seja, há uma série de coisas importantes que é preciso fazer no sistema, assim como é necessário apostar numa descentralização política, do ponto de vista regional. Portugal tem de deixar de ser só Lisboa e os direitos, as liberdades e garantias conquistados no 25 de Abril não podem ser só para a classe dirigente de Lisboa, mas para todos os portugueses. E isso faz-se com uma descentralização política.

Acha que tem havido resistência a essa descentralização por parte do Governo socialista?

Este Governo tem feito fraudes nesse aspeto, primeiro porque se recusa a criar regiões, segundo, pede serviços às câmaras, mas depois não dá dinheiro para as autarquias poderem gerir as competências que lhes foram dadas. Portanto, estas vigarices não vão já ter muito pano para mangas.

Mas perante um Governo de maioria absoluta vai ser dispensável levar a cabo negociações com outros partidos.

Mas, se arrastar o país como penso que vai arrastar nos próximos quatro anos, vamos assistir a uma crise das maiores que Portugal jamais sentiu. Mas a rua vai-se mexer e a sociedade civil vai-se mexer e não sei como é que António Costa vai governar.

Acredita que vai conseguir governar até ao final do mandato?

Se a rua se indignar e se a sociedade civil se mexer, não chega ao fim dos quatro anos. O problema não é o Parlamento, é saber se a nação vai aceitar os disparates que são costume do Partido Socialista.

Já tivemos Governos socialistas, como o de José Sócrates, em que mais tarde foi necessária a intervenção da troika.

E José Sócrates não tinha tido nenhuma covid, nem uma guerra na Europa. Agora veja as atuais circunstâncias e não nos esqueçamos que António Costa foi número dois de José Sócrates e, por isso, tem fortes responsabilidades em tudo o que se passou, apesar de se afastar dessa situação e do passado. Agora quero saber como é que eles saem desta.

E que deverá  sofrer forte contestação por parte dos partidos de esquerda…

Mas a questão nem são os partidos de esquerda, esses nem contam. O PCP e o Bloco de Esquerda são um folclore político do país, a expressão deles é cada vez mais dogmática, logo são mais senis perante a realidade do mundo e perante a realidade do país. No entanto, quem faz cair o Governo é a sociedade civil nas suas reações de protesto e na rua, com ou sem PCP.

O que acha das escolhas dos novos ministros?

Isso nem me interessa. Formei dois Governos, nunca fiz remodelações, o que é sinal que correu bem e os nomes são sempre da confiança do primeiro-ministro. Se são da sua confiança, são pessoas que ele pensa que vão seguir o seu estilo, que é rebentar a classe média levando a cabo uma igualitarização sem sentido ao proletarizar os portugueses.

Mas alguns dos governantes terão o desafio de implementar o famoso  Plano de Recuperação e Resiliência.

O que tenho visto é as empresas a queixarem-se que o plano não vai servir para reanimar a economia. O que também estou a ver é que isso vai ser gasto pelo Estado e já sabemos que, quando o Estado fica com o exclusivo da despesa, esse aumento da despesa nem sempre é reprodutivo.

Grande parte da verba vai para digitalizar a Administração Pública.

Acho que já se fala nisso desde que apareceram os computadores e o país está cada vez mais burocratizado e mais complicado. É um país que vive cada vez mais da gorjeta dentro do envelope para se fazer qualquer coisa. Se houver alguma digitalização, só se for de envelopes.

Há risco de se digitalizar a burocracia?

Isso sim, a gente já sabe como é que funciona este país. Veja os índices de corrupção daquelas avaliações que certas entidades internacionais fazem, em que Portugal está sempre no mesmo sítio, não andou nem para a frente, nem para trás. Bem, se andasse para trás ainda seria pior.

E em relação ao PSD, como vê o futuro?

Também vejo um futuro negro. Primeiro, é preciso pensar que tipo de modelo é necessário para o futuro do PSD. Tem de ser um modelo social-democrata, um modelo rigorosamente ao centro e sobretudo que desperte de novo o interesse das elites pela política. O que é que até agora se passou? Nos últimos quatro anos, a maçonaria, que já tem bom posicionamento dentro do PS, também quis tomar o PSD de assalto. E quis retirar ainda mais a pouca transparência que existe na vida democrática portuguesa. Não ponho em causa o direito de associação, o direito de reunião, o direito de expressão de qualquer entidade, mesmo que seja a maçonaria, o que não posso aceitar é que numa democracia não haja transparência. O que se fez ao PSD só pode ser combatido de uma maneira. Primeiro, ver o perfil do candidato que é preciso para liderar o partido e parece-me que esse perfil tem de ser de uma pessoa que não esteja ligada às sociedades secretas e que tenha o mínimo de prestígio junto da sociedade civil para as pessoas verem que está ali alguém que pode tirar a sociedade portuguesa do beco em que está metida. Segundo, também é preciso não pôr a dirigir o partido todos esses meninos que andaram a criar instabilidade nos últimos quatro anos, porque isso seria beneficiar o infrator. E, em terceiro lugar, não se pode vir com a ideia que já vi em certos círculos que não tem nada a ver com a maçonaria, nem com os meninos traquinas, que é deixar desertificar o partido nos dois primeiros anos e depois toma-se conta disso. Não dá, daqui a dois anos…

Pode desaparecer como o CDS?

Sem dúvida. É preciso encontrar alguém, mas não estamos na altura de atirar nomes cá para fora. Tenho conversado com várias pessoas e vamos ver se vai haver bom senso e se as forças que são dominadas pelas sociedades secretas conseguem vencer desta vez. Das últimas duas vezes anteriores não conseguiram vencer.

E esta instabilidade conduziu aos resultados que o PSD teve…

Houve várias razões. Primeiro, o PSD com a instabilidade que viveu nos últimos quatro anos, o que acabou por afastar muita gente. Em segundo lugar, a subsidiação que tem sido feita pelo Governo de António Costa, que deu para comprar imensos votos. E, em terceiro lugar, o conservadorismo dos portugueses. Todos dizem mal do Governo mas têm um medo ainda maior da mudança e vão votando no PS e continuam a dizer mal do partido no dia seguinte.

É a cultura portuguesa?

Não é a cultura portuguesa. É a tragédia portuguesa.

Mas há um ano já tinha alertado o PSD para a necessidade de levar a cabo uma reviravolta no partido.

Já lhe disse as razões que levaram àqueles resultados. Não tiveram juízo e foram castigados.

E como vê os nomes que têm sido apontados para suceder a Rui Rio?

Não me fale de nomes. Não me pronuncio sobre nomes. Pronuncio-me sobre objetivos e acabei de dizer o que é preciso para impedir que o Partido Social-Democrata seja tomado de assalto: é preciso manter o Partido Social-Democrata ao centro, que seja realmente social-democrata e que apresente ao país as reformas que o PS não tem coragem de apresentar e de propor aos portugueses. Não é fazer aquela oposição de paróquia todos os dias no Parlamento.

Então concorda com Rui Rio e com o fim dos debates quinzenais?

O poder que as sociedades secretas e o Governo têm sobre a comunicação social faz obviamente com que os debates estejam inquinados. Não me estou a referir a nenhum órgão de comunicação social em especial, mas sabemos que a maioria, se não for o apoio do Estado, não consegue sobreviver. E agora, com uma crise ainda maior, vai ter menos receitas, menos publicidade e vai ser alvo de menos investimentos e de apoios privados.

E como vê a atuação do Presidente da República?

Acho que o Presidente da República foi o maior aliado de António Costa durante este tempo todo. Não conto com ele e penso que muitos portugueses também não. Votei nele nas duas vezes só que também não tinha outra alternativa em quem votar. Isto foi tão bem montado que não havia alternativa. Ainda cheguei a sugerir no partido que apresentássemos um candidato próprio, nem que fosse para marcar terreno, mesmo que Marcelo Rebelo de Sousa ganhasse, mas houve só encolhas. Estes tipos, à medida que vão envelhecendo, ficam mais acagaçados. Eu sou ao contrário, à medida que envelheço tenho cada vez menos cagaço, não tenho nada a perder.

O seu estatuto permite-lhe dizer tudo o que acha?

O que digo dentro e fora do partido é o suficiente para metade do partido me odiar. Todos eles estão à espera de tacho. Por exemplo, ando nas ruas no hipermercado e não tenho receio de andar de cabeça erguida. As pessoas falam bem comigo, mesmo os senhores que têm um tachinho dentro do partido, como aqueles que estão nas distritais. Acabaram-se os distritos mas ainda há as distritais, o que é outra anedota deste país, esses senhores são eleitos uns pelos outros e não são eleitos pela maioria dos militantes. Esses odeiam-me, porque digo que o partido está mal e que não pode haver este jogo de burocratas dentro do partido. Durante estes anos todos queriam o Alberto João Jardim a ganhar eleições na Madeira, mas que ficasse aqui quietinho e não me metesse na vida deles.

E na Madeira o PSD continua a ganhar as eleições…

Sim, já não sou eu que estou à frente, mas a doutrina está lá.

Miguel Albuquerque podia ser um bom candidato para Presidente da República?

Não falo em nomes.

Em relação a Marcelo, foi vice-presidente do PSD quando este estava na liderança do partido. Já teve oportunidade de dizer que não concorda com as suas decisões?

Depois de Marcelo Rebelo de Sousa ser Presidente da República nunca mais falámos de política. Quando falamos ao telefone são meros cumprimentos cordiais ou uns apertos de mão quando nos encontramos. Nunca passamos disto.

Foi coincidência ou não não ter estado na Madeira quando Marcelo Rebelo de Sousa foi entregar-lhe um prémio no verão passado?

Tinha as férias marcadas e não se avisa quatro dias antes que vou receber um prémio. E, ainda por cima, dizendo que o prémio era pecuniário, o que me provocou uma grande fúria e fez-me não ir receber o prémio. Mandei entregar o valor do prémio a uma obra de caridade. E que tem mais necessidades do que eu, graças a Deus.

Há quem sugira o seu nome para conselheiro de Estado. Aceitaria?

Já lá estive como presidente do Governo Regional. Estou quieto na Madeira, pediram-me uma vez para ir a Lisboa para fazer parte de uma comissão sobre a regionalização. Foi um trabalho ótimo, tinha uma equipa ótima, ninguém se lembrava a que partido é que pertencia e fizemos um excelente trabalho. A lei estava prontinha para avançar na Assembleia da República, se os grupos parlamentares assim o quisessem e, depois de tanto trabalho e de tanto empenho, foi tudo para dentro da gaveta. Usaram-nos para fazer espetáculo político e, portanto, isso são más experiências que tenho aí do retângulo.

Então não estaria interessado?

Tenho 79 anos. Só posso aceitar convites se for mesmo um imperativo da República. Fora isso, tenho é de gozar os meus últimos dias.

Aliás, quando saiu do Governo Regional disse que era altura de gozar a reforma. Tem gozado o suficiente?

Tenho gozado a reforma e tenho gozado com o que se passa neste país. Embora, seja um gozo amargo.

Ainda na semana passada, comparou Putin a Hitler…

Penso que não há dúvidas sobre isso, só os comunistas é que ainda não perceberam isso.

Ainda vai prejudicá-los mais…

Penso que é impossível que uma ideologia daquelas possa ser ainda mais prejudicada. Aquilo é uma senilidade total, o mundo está cada vez mais alfabetizado, o mundo tem cada vez com mais informação, o mundo tem cada vez mais conhecimento, o mundo tem cada vez mais cultura e ainda estarmos a prestar atenção a partidos totalitários, não faz sentido. Faz sentido em outras latitudes, onde estão sob coação e têm que gramar o regime totalitário. Mas num país livre como Portugal, agora que celebramos os 50 anos do 25 de Abril, não faz sentido nenhum essa gente.

As comemorações começaram esta semana…

Estão a comemorar o 25 de Abril mas numa visão conservadora. Eles querem manter o sistema político, tal como ele está. E depois vende-se para a opinião pública uma confusão entre regime e sistema. Em relação ao regime político estamos todos de acordo, tem de ser democrático, sem contar com o Chega, com o PCP e com o Bloco de Esquerda, porque esses querem qualquer coisa totalitária. Isto revela que estamos todos de acordo em relação ao regime, agora o que não estamos de acordo é em relação ao sistema. E estas comemorações do regime espero que não sejam para aumentar o sistema. A melhor homenagem que podiam fazer ao 25 de Abril era dizerem ‘sim senhora, vamos agora adequar o sistema em 2022 aos grandes ideais de Abril’. Isso é que era comemorar o 25 de Abril, não é andarem aí a gastar dinheiro com umas fantasias, a tirarem selfies e a darem beijinhos. Pelo que estou a ver, essas comemorações vão ser iguais às de 1984 e às de 1994.

E como vê as sanções em relação à Rússia? Poderão contribuir para escalar ainda mais o conflito?

É uma hipótese que não se deve pôr de parte. O problema é este: está provado que Putin é um criminoso de guerra, um nazi e isto passa por uma eliminação do cavalheiro dentro das suas fronteiras. Neste momento, também é preciso um forte esforço de informação para dentro da Rússia com os meios tecnológicos que existem, porque isso foi importante, por exemplo, para a queda do Muro de Berlim, em que as pessoas iam vendo a televisão da Alemanha Ocidental e iam-se capacitando para essa mudança. É preciso, portanto, um grande esforço de informação para dentro da Rússia e depois é preciso investir muito dinheiro no apoio aos movimentos anti-Putin, sem isso nada feito. Tem que ser resolvido lá dentro.

Principalmente com a NATO de pés e mãos atadas…

Tanto a União Europeia como a NATO reagem sempre ao retardador. A União Europeia reagiu bem, mas foi retardador em relação à covid. E agora nesta situação volta a fazer o mesmo. Os tipos já tinham andado a invadir a Geórgia, já tinham cortado a Crimeia e não se fizeram sanções. E até há 10 países da União Europeia que são mantidos em segredo – já agora também gostaria de saber se Portugal vendeu armas à Rússia – que apesar da legislação europeia venderam armas à Rússia. Quem são esses 10 países e que sanções é que tiveram? Nada disto foi dito à opinião pública europeia. Não foi só em Portugal que a política se mediocrizou, o mesmo aconteceu na União Europeia. Eu próprio, que andei lá até 2015 , a partir de 2000, comecei a ver aquelas juventudes partidárias de todos os partidos da Europa a dominarem. Esses meninos começaram profissionalmente a assumir a política e percebi que isto tudo se ia mediocrizar. Por exemplo, Angela Merkel, que era apresentada como uma política fora de série, que tinha uma educação burocrática da Alemanha Oriental e tinha aquela marca estruturalistas, foi cair nestas asneiras. A potência energética na Europa e a sua dependência à Rússia deve-a a essa senhora. E, a certa altura, até fez umas declarações a dizer que discordava do modelo da Madeira, porque gastávamos muito dinheiro em investimento, nomeadamente em infraestruturas.

E com a zona franca sempre sob os holofotes europeus.

Isso é uma questão até de polícia, porque a União Europeia anda em cima da zona franca da Madeira mas tem protegido outras zonas francas, como Luxemburgo, Malta, Chipre, etc. Então, pergunto: como é que num mundo de dinheiro se cobre uns e tenta-se arrasar outros? Isto é uma questão de corrupção. A guerra à zona franca da Madeira cheira-me a corrupção, alguém está a receber dinheiro para atacar a zona franca da Madeira e a favorecer outras praças com idênticas atividades. Temos que ter os olhinhos abertos e não embarcarmos em ilusões. Os portugueses só veem o perigo quando já vão pela rocha abaixo.