Marcelo Rebelo de Sousa afirma que “há várias maneiras de ser ex-Presidente”

A afirmação do atual chefe de Estado surge após a publicação do artigo de Cavaco Silva, no qual comentou o atual Governo e também as mudanças na liderança do PSD. 

A propósito das mais recentes declarações públicas do seu antecessor Cavaco Silva, o atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que "há várias maneiras de ser ex-Presidente" e adiantou que quando cessar funções tenciona abster-se ao máximo da atividade política.

O chefe de Estado rejeitou mais uma vez qualquer comentário pedido pela comunicação social sobre o artigo de Cavaco Silva, publicado esta semana, afirmando que leu e que interiorizou a mensagem do antigo Presidente da República.  

E manteve a mesma posição quanto ao exceto divulgado hoje da entrevista concedida à CNN Portugal, que será transmitida hoje, renegando considerações sobre a reaparição de Cavaco Silva no espaço público.

"O máximo que eu já disse uma vez, e que posso repetir, é que há várias maneiras de ser ex-Presidente", sublinhou Marcelo Rebelo de Sousa, considerando que "é legítimo escolher qualquer dos estilos".

Na ótica do chefe de Estado, os quatro anteriores Presidentes da República – António Ramalho Eanes, Mário Soares, Jorge Sampaio e Cavaco Silva – "tiveram todos eles comportamentos muito diferentes" quando deixaram o cargo.

"Nuns casos, muito intervenientes, na vida política ativa, mesmo, exercendo cargos, candidatando-se a cargos muito para além do termo do segundo mandato presidencial. Noutros casos, intervindo opinativamente, em condições diferentes, em tempos diferentes, mas intervindo. Noutros casos intervindo mais raramente. E noutros casos não intervindo praticamente na vida interna, tendo funções externas, tendo magistério distante, mas não intervindo em questões da realidade política", disse Marcelo, sem nomear, no entanto, nenhum nome dos seus antecessores.

"Eu também já vos disse qual é aquela que eu tenciono aplicar a mim mesmo, impor a mim mesmo, depois de ter sido tão interventor durante toda a vida, que é aproximar-me o mais possível da visão minimalista, contrastando com o maximalismo da minha vida quase inteira. Mas são opções", defendeu.

Após descrever os vários estilos, o Presidente da República recusou a ideia de estar a criticar indiretamente Cavaco Silva: "Não é nenhuma crítica, é olhar para a realidade e fazer uma análise. É assim. Cada pessoa é uma pessoa, e tem o seu direito a sê-lo, como cidadão. Não deixa de ser cidadão pelo facto de ser ex-Presidente da República, e assume a cidadania de formas diferentes, não há duas pessoas iguais".

O antigo primeiro-ministro Cavaco Silva deu, esta semana, os parabéns a António Costa pela maioria absoluta, conquistada há cerca de quatro meses. No artigo publicado no jornal 'online' Observador, Cavaco pede desculpa pelo atraso nas felicitações e deixa o desafio para que o atual primeiro-ministro faça “mais e melhor” do que os seus Governos.

Já no excerto da entrevista que será transmitida hoje à noite na CNN Portugal, Cavaco Silva acusou Rui Rio de enquanto líder do PSD ter sido "suporte do PS", deixando elogios ao novo presidente dos sociais-democratas: "Tenho a ideia de que o doutor Luís Montenegro tem muito claro na sua cabeça como é preciso fazer oposição neste momento para dar um futuro melhor ao nosso país".

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