Montenegro recupera tradição algarvia

Agosto e setembro são meses de rentrée política, da esquerda à direita. Socialistas trocam Portimão por Leiria, enquanto o PSD volta ao Algarve – como nos tempos do Pontal de Cavaco Silva –, mas agora no Calçadão de Quarteira.

O verão é tempo de descanso, idas à praia, tardes passadas a beber cerveja e comer tremoços… mas não para todos. Agosto e setembro são também os meses que, na política, significam rentrée dos partidos, que aproveitam o balanço para lançar-se de volta ao terreno, ainda antes de a Assembleia da República reabrir trabalhos.

Da esquerda à direita, do Algarve a Coimbra, passando por Leiria e Miranda do Douro, um pouco por todo o país os partidos vão organizar as suas rentrées nas próximas semanas, começando pelo IL.

Na Praia da Rocha, em Portimão, os liberais convocam militantes e simpatizantes para um encontro a 12 de agosto, junto à Fortaleza de Santa Catarina. Será a segunda edição da festa A’gosto da Liberdade, depois de, no ano passado, a IL ter sido um dos dois partidos com festa de rentrée política (o outro foi o PCP) contestando as medidas restritivas em vigor na altura por causa da covid-19.

 

PSD em dose dupla

Já o PSD tem rentrée marcada para 14 de agosto, dia em que ocupa o extremo nascente do Calçadão de Quarteira, no Algarve, para retomar a tradição da Festa do Pontal. Música, um jantar e um discurso do presidente do partido, Luís Montenegro (bem como de outros dirigentes), são os pratos do dia, depois de Rui Rio ter mudado o perfil do evento em 2018.  Querença e Monchique foram os locais que se substituiram ao Pontal, sob as ordens de Rui Rio, antes do ‘hiato’ causado pela pandemia da covid-19. É a grande festa dos sociais-democratas, que começou por ser feita pela distrital algarvia do partido para os militantes que estavam de férias na região, em pleno mês de agosto, e que entretanto captou a atenção da direção nacional, chegando mesmo a ser organizadas excursões para levar militantes de todo o país para o Algarve, no tempo de Cavaco Silva. «É o regresso às raízes e isso representa uma mensagem política muito forte na esteira de recuperar a velha alma do PPD popular», considera Hugo Soares, novo secretário-geral social-democrata, definindo o Pontal como «o momento marcante da rentrée política nacional» e declarando sem ponta de hesitação: «O único discurso de fôlego político que existe em Agosto é o do PSD».

Os ‘laranjas’, no entanto, são um partido ‘diferente’, já que não organizam uma, mas sim duas rentrées. Depois da passagem por Quarteira, o PSD volta a ‘relançar-se’ na política com a Universidade de Verão, em Castelo de Vide, de 29 de agosto a 4 de setembro.

 

Comunistas no Algarve

No mesmo dia em que os sociais-democratas celebram o Pontal em Quarteira, também o PCP tem organizada a sua rentrée na política nacional. O evento será um jantar-comício, em Vila Real de Santo António, onde já se tornou tradição a deslocação de Jerónimo de Sousa, para uma sardinhada, que contará com discurso do secretário-geral comunista. Depois virá a Festa do Avante!, a 2, 3 e 4 de setembro.

 

Chega com alternativa

À direita, neste ano, estava prevista a estreia do Chega Fest, um festival organizado pelo partido de André Ventura. Entretanto, devido ao elevado risco de incêndio, o partido acabou por cancelar o evento, que deveria ter acontecido no concelho da Batalha. Em vez disso, a ‘reentrada’ oficial do Chega na vida política vai acontecer a 25 de agosto, num jantar-comício em Vilamoura, no Algarve.

 

PS em grande

Uma das principais rentrées políticas nacionais é a do PS, não fosse o partido liderado por António Costa maioritário na Assembleia da República.

O regresso à vida política para os socialistas acontece em dois momentos: primeiro, com o Acampamento da JS, entre 25 e 28 de agosto, em Santa Cruz, Torres Vedras, e, depois, entre 7 e 11 de setembro, com a Academia Socialista, em Leiria. É um quebrar de tradição dos socialistas com a cidade algarvia de Portimão.

O PS, a JS e os eurodeputados do partido estão por trás da organização da Academia Socialista, que contará com um discurso de abertura do presidente Carlos César, tendo também como oradores dirigentes e deputados socialistas. O fecho está marcado para dia 11, com António Costa ao estilo de ‘dois-em-um’: fará o discurso de encerramento da Academia Socialista e, ao mesmo tempo, marcará o início das jornadas parlamentares socialistas que decorrem no distrito até dia 13.

 

BE sem acampamento

Da mesma forma que o Chega teve de cancelar o Chega Fest devido ao elevado risco de incêndio, também o BE se viu obrigado a cancelar o Acampamento Liberdade, mas nem por isso ficou sem rentrée: o Fórum Socialismo 2022 vai decorrer, entre 26 e 28 de Agosto, na Escola Secundária Avelar Brotero, em Coimbra. O discurso de encerramento está a cargo da coordenadora do partido, Catarina Martins, que estará acompanhada de José Manuel Pureza, antigo deputado pelo distrito.

 

Livre e PAN pelo país

O Livre, partido representado na AR pelo deputado único Rui Tavares vai, por seu lado, retomar o ciclo Os Setembristas de forma presencial, depois de a pandemia ter obrigado o evento a migrar para o digital. No fim de semana de 17 e 18 de Setembro, a rentrée política do Livre ruma a Miranda do Douro.

O PAN, por sua vez, já revelou que retomará as ações políticas na segunda quinzena de setembro, mas não há ainda, no entanto, programa.

Apesar de não estar representado no Parlamento, o CDS vai avançar com a sua rentrée política também, reunindo a sua Escola de Quadros entre 1 e 4 de setembro, avançando o partido unicamente, que deverá acontecer na região Norte, sem ter ainda lugar específico marcado.

Já o PEV, que também perdeu o assento parlamentar nas últimas eleições legislativas, vai celebrar a Semana Europeia da Mobilidade entre 16 e 22 de setembro, um pouco por todo o país, com arranque programado para Lisboa e Porto.