O Presidente da República chegou ao Largo do Calvário, na companhia do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, ao final da noite.
“Basta uma vítima para ser uma grande dor. As minhas condolências à família, uma pessoa que faleceu nestas condições dramáticas, tão nova”, diz o Presidente acerca da mulher de 55 anos que perdeu a vida, esta noite, enquanto tentava salvar o marido, sendo que, a seu lado, Carlos Moedas fala nas obras estruturais dos túneis de drenagem, para arrancar já e estarem prontos em 2025, que “são essenciais”.
“Esta é uma situação que se vive na cidade há muitos anos. Por isso, esta obra estrutural que temos de fazer, um túnel que vai de Campolide até santa Apolónia, cinco quilómetros de túnel, vão permitir resolver esta situação”, afirma aos jornalistas, revelando que urge “resolver os problemas das pessoas em concreto”.
As zonas de Alcântara, Campo Grande, Campo Pequeno e a Baixa são as mais afetadas no município de Lisboa e, de acordo com o autarca, não existem mais vítimas mortais. “Vamos visitá-las. Vamos estar no terreno toda a noite a ajudar tudo o que podermos”, realça, elucidando que todos os meios estão na rua para dar resposta às 159 ocorrências.
"São as mudanças climáticas, temos de lutar todos juntos. Não podemos politizar esta matéria. É uma matéria demasiado importante para o nosso futuro e todos os partidos devem estar juntos nesta luta", garante, sendo importante lembrar que, no passado mês de julho, a Assembleia Municipal de Lisboa aprovou uma proposta da Câmara para a contratação de um empréstimo, até ao montante de 90 milhões de euros, junto do Banco Europeu de Investimentos, para aplicação exclusiva ao Plano Geral de Drenagem.
"A aprovação da proposta requeria maioria absoluta entre os 75 deputados municipais, pelo que foi submetida a votação nominal, tendo sido viabilizada com 72 votos a favor e um voto contra do deputado único do PPM, Gonçalo da Câmara Pereira, e dois ausentes, nomeadamente Margarida Penedo (CDS-PP) e Francisco Peres (PSD)", como explicava, à época, a agência Lusa, tendo adiantado que, na apresentação da proposta, Moedas declarara que esta é "uma das obras mais importantes para Lisboa" no âmbito do combate às alterações climáticas, constituindo igualmente uma obra "extraordinária e única em termos europeus" que consiste em dois túneis que chegam a ter uma profundidade de 70 metros.
"É uma obra que é invisível ao olho, porque é em profundidade, mas é sem dúvida a obra mais importante para a cidade para nos prepararmos para as mudanças climáticas", notou o autarca, naquela altura, indicando que um dos túneis teria cinco estaleiros: na Avenida da Liberdade, Rua de Santa Marta, Avenida Almirante Reis, Santa Apolónia e Campolide.
De acordo com informação consultada pela Lusa, o contrato é para "aplicação exclusiva ao Plano Geral de Drenagem", nomeadamente a implementação de duas das suas obras estruturantes, o túnel Monsanto – Santa Apolónia, com aproximadamente cinco quilómetros de extensão e 5,5 metros de diâmetro, e o túnel Chelas – Beato, com cerca de um quilómetro de extensão e igual diâmetro, "numa solução pensada para resolver, entre 70% a 80%, os riscos de inundações na cidade de Lisboa e, portanto, com forte impacto na resiliência da cidade e proteção dos seus habitantes e futuras gerações", como é possível ler na proposta da Câmara.
Na manhã desta quinta-feira, Moedas falará numa conferência de imprensa para fazer um ponto de situação sobre os danos provocados pelo mau tempo.