Marcelo afasta cenário de eleições antecipadas e garante que vai estar “ainda mais atento”

O chefe de Estado assume “divergência de fundo” com o primeiro-ministro e aponta o dedo a João Galamba, questionando como poderá não ser responsável. Não demite o Governo, nem dissolve a Assembleia, porque os portugueses dispensam sobressaltos, mas promete itensificar função fiscalizadora do Presidente da República.

O Presidente da República começou a sua declaração ao país lembrando que os resultados positivos da economia “ainda não chegaram” aos portugueses e que estes “esperam e precisam de mais e melhor”.

A “autoridade, para existir, tem de ser confiável, credível e responsável. Onde não há responsabilidade não há autoridade respeito”, sublinha Marcelo Rebelo de Sousa, acrescentando que “um governante aceita responsabilidade pelo que fez e faz” e pelos que com ele trabalham.

“Como pode um ministro não ser responsável por um colaborador que escolhera manter na sua equipa mais próxima?”, questiona.

O Presidente da República reafirma que defendia a exoneração do ministro João Galamba e atira: “Responsabilidade é mais do que pedir desculpa e dizer que já passou”.

Vai mais longe, dizendo que são “os mais pequenos” quem respondem, dando a entender que se refere ao ex-adjunto de Galamba, que reconhece, no entanto, que este tenha atuado de “forma errada”.

Depois das duras críticas ao Governo e de admitir “uma divergência de fundo” com o primeiro-ministro, Marcelo Rebelo de Sousa responde à questão que se impunha, afastando o cenário de eleições antecipadas, pois os portugueses “dispensam esses sobressaltos”.

No passado “foi sempre possível acertar agulhas (…) Desta vez não. Foi pena”, diz, antes de garantir que vai “retirar ilações”, mas que continua a preferir a estabilidade nacional. “Comigo não contem para criar esses conflitos institucionais”, sublinha.

Por outro lado, promete intensificar a sua ‘fiscalização’ à atuação do Governo. “Terei de estar ainda mais atento à questão da responsabilidade política dos que mandam”, avisa, explicando que até ao momento pensava que existia com este Executivo, liderado por António Costa, um “acordo no essencial”, mas conclui agora que há uma “diferença de fundo”.

Lembra que há que “ter sempre presente, como último fusível de segurança político que é o Presidente da República no nosso sistema constitucional, que deve assegurar ainda de forma mais intensa que os que governam cuidam mesmo da responsabilidade, da confiabilidade, da credibilidade e da autoridade”.

E volta a reafirmar que neste caso a responsabilidade de quem governa “não foi assumida como devia ter sido”.

A terminar, o Presidente dirige-se mais diretamente aos portugueses salientando que espera contar com “a sensatez, o sentido de Estado e o patriotismo de todos”.