“Ainda não podemos falar num cenário em que o abastecimento venha a estar em causa”

Ricardo Evangelista, diretor executivo da ActivTrades Europe, explica o impacto do preço do petróleo e gás com o conflito israelo-palestiniano.

Qual o impacto para o mercado do petróleo e gás com este conflito?

O impacto tem-se verificado sobretudo sobre o petróleo, através de uma inversão da tendência de queda que se tinha verificado na semana passada, para uma subida que já vai em cerca de 4% face ao fecho de mercado na sexta-feira. No caso do gás, os preços já vinham em tendência de subida, por isso o impacto não foi tão sentido.

Poderá pôr em causa o abastecimento proveniente do Médio Oriente?

Por agora ainda não podemos falar num cenário em que o abastecimento venha a estar em causa. No entanto, não é difícil antever uma diminuição da oferta proveniente do Médio Oriente, sobretudo se se confirmar o envolvimento do Irão. Em tal cenário, não só o conflito poderia escalar para a região do golfo, como também levaria a um policiamento mais rigoroso por parte do ocidente as sanções sobre as exportações de crude Iraniano, que se estima sejam já da ordem dos 4.5 milhões de barris por dia.

Até que ponto poderá penalizar o consumo? E os preços?

Com a subida do preço do crude nos mercados internacionais o preço dos combustíveis que os consumidores pagam irá com certeza subir também.

Portugal sairá inevitavelmente afetado?

Se se confirmar o cenário de redução da oferta de petróleo nos mercados globais então Portugal será afetado pela subida dos preços, tal como todos os outros países que dependem da importação de crude para suprir parte das suas necessidades energéticas.

Este conflito também está a penalizar o ouro. Porquê e o que se poderá esperar?

O preço do ouro está hoje a subir, uma vez que em alturas de maior incerteza geopolítica e económica o metal precioso é visto como um porto seguro para os investidores.