Sócrates ataca MP e acusa-o de retirar “ilegitimamente a maioria absoluta ao PS”

“Ministério Público presta contas a Deus, não aos homens, que se devem limitar a baixar a cabeça e expressar a sua confiança na justiça”, critica o antigo PM.

O antigo primeiro-ministro José Sócrates não poupa nas críticas ao Ministério Público, no seu último artigo de opinião, publicado no Diário de Notícias.

No texto, intitulado ‘Nada como um dia depois do outro’, Sócrates critica o PS por não querer discutir o processo judicial, que retirou “ilegitimamente a maioria absoluta no Parlamento e o direito a governar”.

“Os socialistas não têm tempo para discutir a liberdade. A armadilha mental da direita resulta em pleno – criticar os abusos do Ministério Público é “atacar a Justiça”, dizem eles. Quanto aos socialistas, não querem perder tempo, Nem quatro meses, nem quatro dias, nem quatro horas. Alguém disse que “todos os que se calam são dispépticos”. Sim, este silêncio faz mal ao estômago”, escreveu.

“Todos sabemos que esta investigação vai durar anos, que os suspeitos vão pedir a aceleração processual, que os prazos de inquérito não vão ser cumpridos e que os procuradores manterão os suspeitos devidamente presos na prisão da opinião pública durante o tempo necessário a que outro tempo político floresça”, acrescenta.

Para Sócrates, o Ministério Público “presta contas a Deus, não aos homens, que se devem limitar a baixar a cabeça e expressar a sua confiança na justiça”.

E remata: “Daqui a quatro meses haverá novo governo, haverá novos escândalos e haverá novas oportunidades para dizer que confiamos na Justiça. Nada de novo debaixo do sol – apenas a Justiça a funcionar”.