Montenegro avança com coligação

Nos últimos dias a direção de Luís Montenegro desdobrou-se em contactos com o objetivo de construir uma alternativa que vá para além da tradicional coligação com os centristas.

Apanhado de surpresa com a precipitação do calendário eleitoral que o poderá levar à liderança do Governo, Luís Montenegro tem passado os últimos dias a construir uma plataforma alternativa alargada que garanta a vitória nas eleições de 10 de março.

A direção social-democrata tem-se desdobrado em contactos discretos para recolher apoios, e deixa para mais tarde a decisão de propor uma coligação que necessariamente incluirá o CDS.

Ao que o Nascer do SOL apurou, os nomes sondados vão do centro ao centro-esquerda e Montenegro já contará com algumas respostas positivas.

A divisão interna dentro da Iniciativa Liberal, em particular no que respeita à estratégia do partido que opta por concorrer sozinho a eleições foi mais um tema a gerar polémica. Para alguns militantes foi a gota de água para decidirem abandonar o partido e, ao que sabemos, muitos deles já mostraram disponibilidade para se juntarem na plataforma alternativa que o PSD está a construir.

Mas não é só na direita tradicional que Montenegro está a pescar. Segundo apurou o Nascer do SOL, houve contactos nos últimos dias com figuras que já estiveram ligadas aos socialistas no passado, uma delas terá até pertencido a um Governo socialista. Nos planos da direção do PSD está a ideia de integrar nesta plataforma todos os que estão descontentes com a governação socialista dos últimos anos e com a falta de resultados e reformas que têm conduzido o país à estagnação. O PSD quer criar uma coligação diferente do que o partido fez noutros períodos da democracia. Os tempos são outros e a necessidade de mostrar ao eleitorado que há uma alternativa ao Partido Socialista deve ser clara e de banda larga.

A melhor comparação com a plataforma que os sociais-democratas estão a montar é com a primeira AD_de Sá Carneiro, que para além do CDS_e PPM incluía também os chamados renovadores, um grupo de personalidades que se tinha afastado de Mário Soares e na altura aceitou juntar-se em torno da alternativa oferecida por Sá Carneiro. Entre esses nomes estavam António Barreto, Medeiros Ferreira e Francisco Sousa Tavares.

Ao que sabe o Nascer do SOL o anúncio destes nomes será feito em breve e só depois é que o partido reúne a Comissão Política Nacional para tomar decisões definitivas sobre a formação de uma coligação com outros partidos. A decisão terá depois que ir a votos em Conselho Nacional, o órgão máximo de partido entre Congressos.

Congresso passa a arranque de campanha eleitoral

O Congresso estatutário do PSD, previsto para este sábado em Almada sofreu alterações, até porque só a direção vai levar uma proposta de alteração de estatutos, o que faz com que a proposta possa ser rapidamente discutida e aprovada logo de manhã.

Na parte da tarde, o partido vai aproveitar o palco para fazer uma demonstração de força , mostrando que está forte e unido para enfrentar as eleições de 10 de março. A ideia é reunir várias figuras que tiveram papel de relevo não só a nível partidário, mas que tiveram também responsabilidades governativas.

Miguel Poiares Maduro, José Luís Arnaut e Nuno Morais Sarmento, são alguns dos nomes que irão discursar no Complexo Municipal dos Desportos no Feijó, onde se realiza a reunião magna dos sociais-democratas. Em ecrã gigante vão também ouvir-se discursos de líderes europeus para fazer o elogio de Montenegro, dando-lhe força para o próximo desafio eleitoral, e manifestando a convicção numa mudança política nos destinos do país com a vitória do PSD. O discurso do líder está previsto para o final do dia, em horário nobre e será uma espécie de tiro de partida de Montenegro para a campanha eleitoral.

O PSD_espera ter casa cheia no sábado, para além dos nomes que vão discursar espera-se que na audiência marquem presença outros pesos pesados do partido.

Ainda à espera de confirmações, os organizadores deste Congresso/Convenção não confirmam se os ex-líderes do partido também irão a Almada. Marquem ou não presença, os organizadores estão convictos de que no sábado os portugueses vão ver um partido unido e com os principais quadros empenhados em ajudar Montenegro a chegar ao Governo.

Os militantes esperam para ver e lembram o sinal de «cheiro a vitória» que se sentiu quando em 2002 também se transformou um Congresso em Convenção no Coliseu de Lisboa. Nessa altura, dizem-nos, sentiu-se logo o cheiro a vitória que foi determinante para criar a dinâmica certa para vencer as eleições.

As sondagens publicadas já depois da crise política têm deixado preocupados os militantes do partido que esperam um volte face que possa dar esperança ao partido. «Até agora só temos visto PS e os candidatos a sucessores de António Costa» queixa-se um ex deputado.

A expectativa generalizada é que este cenário se altere a partir de sábado com o Congresso de Almada. «Não há tempo a perder», diz-nos a mesma fonte, o PSD_não pode perder esta oportunidade de voltar ao poder.

raquel.abecasis@nascerdosol.pt