Saídas do partido desestabilizam IL

Grupo de militantes está à espera dos resultados eleitorais, mas admite que metas previstas vão falhar.

A agenda do Conselho Nacional Ordinário da Iniciativa Liberal (IL), que se realizou no domingo, no Porto, acabou por não ficar concluída e terá de ser marcado um novo encontro. Em cima da mesa estava a aprovação da ordem de trabalhos, as candidaturas às eleições legislativas e o ato eleitoral de 10 de março, mas o Nascer do SOL sabe que o debate foi dominado pela desfiliação de Carla Castro do partido e por acusações em relação à existência de infiltrados no partido.

O nosso jornal apurou que estes temas em debate criaram mal-estar, alegando alguns militantes que, a cerca de 50 dias das eleições, a Iniciativa Liberal em vez de estar a pensar no futuro prefere estar focada em guerrilhas internas.

Recorde-se que Carla Castro – que perdeu há um ano as eleições internas para Rui Rocha, obtendo 44% do votos – anunciou a saída do partido na quinta-feira passada, afirmando ter sido uma decisão «refletida e ponderada». Esta saída ocorreu depois de ter recusado, em dezembro, o convite para integrar a lista do partido às legislativas antecipadas de março entre o quinto e o sétimo lugar pelo círculo eleitoral de Lisboa.

Tal como o nosso jornal já tinha avançado, não foi um caso isolado. Também Filipe Charters de Azevedo, responsável pela proposta de saúde de 2019 e 2022 e casado com Carla Castro, já se tinha desfiliado do partido, assim como Pedro Martins, fundador do partido, referindo que se afastou «de um partido que se diz democrático, mas que manifesta sérias inconsistências na sua atuação».

‘Tempo de pensar’

Também crítico à atuação da atual direção tem sido Tiago Mayan, ex-candidato às presidenciais pelo partido, que já veio admitir que «quem permanece no partido tem mesmo de repensar tudo o que tem sido feito», acrescentando ainda que «o tempo para o fazer será a partir de 11 de março, mas esse ‘repensamento’ é independente dos resultados de dia 10». Ao Nascer do SOL reafirmou que «há muito a refletir dentro do partido, mas após 10 de março, já que até lá há um objetivo do partido que é o de disputar as eleições».

No entanto, várias fontes próximas do partido ouvidas pelo nosso jornal admitem que a meta estabelecida por Rui Rocha, que seria duplicar a percentagem de votos das últimas eleições será impossível de alcançar, em grande parte, devido às guerras internas no partido. E que será depois do ato eleitoral que será altura de pedir contas à atual direção do partido.

Mayan diz ainda que têm de ser analisados outros assuntos que têm sido adiados, como é o caso da revisão dos estatutos do partido. «Já fiz uma proposta, agora quero ter a oportunidade de a discutir e o cenário da convenção estatutária que temos neste momento não vai permitir essa discussão».

Recorde-se que o ex-candidato juntamente com Miguel Ferreira da Silva (primeiro presidente da Iniciativa Liberal), José Cardoso – que avançou na corrida à liderança do partido, em que saiu vencedor Rui Rocha e que saiu agora da IL – e Hugo Condessa (ex-candidato a líder do núcleo do Porto) avançaram em julho com várias propostas para mudar os estatutos do partido. As alterações às ‘regras do jogo’ acabaram por levar José Cardoso a bater com a porta, alegando que «está montada uma fraude para impedir alterações na convenção estatutária».

sonia.pinto@nascerdosol.pt