José Manuel Bolieiro. ‘Luís Montenegro é sempre bem vindo’

Em entrevista por escrito, José Manuel Bolieiro diz que a AD/Açores mantém intacta a capacidade de diálogo e exclui responsabilidades do Chega na queda do Governo Regional.

As últimas sondagens dão uma vitória ao Partido Socialista nos Açores e uma maioria à direita, contando com os votos do Chega. Neste cenário, há alguma razão para não repetir a solução que foi adotada após as últimas eleições?

O PSD, o CDS-PP e o PPM pedem aos açorianos uma maioria de estabilidade para governar nos próximos quatro anos. Há duas propostas alternativas: uma, liderada pelo PSD, que apresenta uma proposta de futuro; e a do PS, que oferece um regresso ao passado de contas incertas e de poucos resultados. Os açorianos não querem instabilidade política e, estou certo, vão penalizar os partidos causadores da instabilidade que vivemos. Votar nos partidos mais pequenos é aumentar a instabilidade parlamentar.

Não acha que os eleitores devem saber quais as soluções de governo que considera possíveis e as que exclui?

Tenho sido muito claro com os açorianos: só terei as melhores condições para assumir um novo mandato caso alcance uma maioria de estabilidade. Acredito que os açorianos, perante a instabilidade promovida pela oposição, apoiarão o nosso projeto político de consolidação das medidas implementadas com resultados muito positivos na Economia, na Saúde, na Educação, no Emprego, nos Transportes ou nas Políticas Sociais. Portanto, estou pronto para formar Governo.

Se for possível uma solução idêntica à que ocorreu nos últimos anos, com um acordo parlamentar com o Chega e a IL, aceita formar Governo?

Nas eleições de 2020, o PSD, o CDS-PP e o PPM fizeram uma coligação pós-eleitoral que tinha mais votos e mais deputados do que o PS, que não conseguiu entender-se parlamentarmente com qualquer outro partido. O PSD demonstrou uma capacidade de diálogo e uma credibilidade que o PS não conseguiu obter no quadro parlamentar saído daquelas eleições regionais. A capacidade de diálogo do PSD e da Coligação mantém-se intacta e foi, sucessivamente, posta à prova durante os últimos três anos, até que o PS, a IL e o BE decidiram chumbar a proposta de orçamento regional para 2024, interrompendo a governação liderada pelo PSD e provocando eleições antecipadas. Sou, reconhecidamente, um homem de diálogo. O PSD e os partidos da Coligação mantêm intacta a sua capacidade de diálogo e seriedade das suas intenções políticas.

Que resposta tem à condição imposta pelo Chega de que só suporta o Governo se fizer parte dele?

Essa condição reforça o pedido que faço aos açorianos para darem à Coligação PSD/CDS/PPM uma maioria de estabilidade governativa, para que o meu Governo continue a executar um conjunto de políticas com resultados que estão à vista de todos e que romperam com um ciclo de 24 anos de governação socialista.

Depois de o Governo ter caído porque IL e Chega quebraram o entendimento parlamentar, tem razões para voltar a confiar num acordo com estes partidos?

Os partidos que rompem acordos sem que os eleitores – e mesmo os seus próprios eleitores compreendam as razões da rutura – não ganham muito em credibilidade. Os eleitores desejam saber é se os outros partidos cumprem ou não os acordos que fazem.

O que é que pode mudar?

Esta pergunta, tal como as anteriores, procura fazer uma antecipação de cenários eleitorais. Este não é o momento para antecipar cenários pós-eleitorais.

Luís Montenegro já anunciou que vai estar ao seu lado na noite eleitoral – tinha dito que não contava com a presença dele, é uma presença que cria mal-estar ao PSD/Açores?

O Dr. Luís Montenegro esteve nos Açores, em pré-campanha, quase uma semana, visitando sete das noves ilhas e 16 dos 19 concelhos da nossa Região, muito mais que os líderes nacionais dos outros partidos. E volta a estar nos Açores nesta reta final da campanha. O Dr. Luís Montenegro é sempre bem-vindo. É um homem competente, diligente e conhecedor da realidade de Portugal e dos portugueses.

Na sua tomada de decisão no dia 5 de fevereiro, qual o peso que terá o impacto que essa decisão pode ter nas eleições de 10 de março?

A 10 de março o que é verdadeiramente importante é eleger Luís Montenegro como primeiro-ministro para que passe a haver um Governo da República amigo dos Açores.

O líder da IL nos Açores veio pedir explicações sobre adjudicações de obras à AFA, a empresa que está envolvida nas investigações na Madeira, o senhor já criticou as insinuações, mas não acha que no momento delicado que estamos a viver é importante clarificar o que se passou?

A esmagadora maioria das obras foram adjudicadas e concluídas nos anteriores Governos socialistas. Lamento este tipo de política que, na verdade, não faz falta à democracia, porque vive de insinuações. Recuso entrar no jogo sujo de alguns adversários políticos.