Miguel Santos Carrapatoso. “Não seria possível ter tanta sorte se não fosse um líder muito resiliente”

Em entrevista, o autor do livro ‘Na cabeça de Montenegro’ admite que o presidente do PSD “era encarado como um líder a prazo”. A queda do Governo e as eleições antecipadas trocaram-lhe as voltas e moldou-se aos novos tempos para ser visto “não como um líder da oposição, mas como candidato a primeiro-ministro”.

Começas o livro com o dia da demissão de António Costa, em que Luís Montenegro está em silêncio até às 20h. Sentes que teve esse tempo para digerir o que se passou e como iria reagir?

Havia a noção incluindo da direção do PSD que não poderia reagir a quente sob pena de ficar muito ligado a um processo judicial que estava em curso. Também havia vontade e o objetivo de mostrar serenidade, sentido de Estado, ou seja, não entrar no mesmo caminho que foram aquelas primeiras declarações dos vários partidos. Luís Montenegro percebeu nesse momento que ia haver eleições antecipadas e começou a tentar moldar-se ao que o tempo exigia, isto é, já não podia ser percecionado como líder de oposição, mas sim como candidato a primeiro-ministro. Uma mudança para conquistar o eleitorado moderado e do centro, como é o caso de Luís Montenegro. Essa mudança e o facto de ter começado logo naquele momento foi muito importante para a direção do PSD. 

Montenegro falou, nessa altura, num dia difícil e até foi poupado nas críticas… 

Sim, até porque Luís Montenegro – e acho que isso está refletido ao longo do livro – sempre teve um percurso muito associado àquele líder de guerrilha, muito combativo e foi assim que se afirmou enquanto líder parlamentar e depois na própria vida interna do PSD, em que foi sempre muito percecionado como sendo mais um candidato a líder da oposição do que um candidato a primeiro-ministro. Essa mudança nesse dia foi particularmente importante, daí ter usado a expressão ‘hoje não é um dia feliz para o país’ para se alinhar com um sentimento do eleitor comum que viu naquela demissão um ato absolutamente inesperado.

Uma demissão que parece ter caído que nem uma bomba…

A operação era absolutamente inesperada e acho que ninguém, nem o mais convicto crítico de António Costa esperava que a maioria absoluta se desfizesse assim por estes motivos e por este contexto. Mas, ao mesmo tempo, também relançou Luís Montenegro. Se formos completamente honestos, muitos órgãos de comunicação, nomeadamente o Observador, diziam quase diariamente que o PSD olhava para Luís Montenegro com um crescente ceticismo, daí a questão de Passos Coelho, cujo regresso ganhava alguma força e Luís Montenegro era para muitos dentro do PSD encarado como um líder a prazo que iria ter um mau resultado nas europeias e iria ser afastado. O facto de ter acontecido aquilo no dia 7 de novembro também mudou por completo a história de Luís Montenegro, aliás poderemos assumir que pode ter mudado sem saber o que teria acontecido se não tivesse havido este desfecho.

Também dizes que Montenegro parece ter enganado o destino, já que tinha perdido quase tudo o que tinha a perder e que apostou muitas vezes no comboio errado…

Há um lado enorme de resiliência em Luís Montenegro, mas também é verdade que tem um lado de sorte, de facto os astros conjugaram-se a seu favor e acho que isso está refletido no livro até pelos testemunhos que fui recolhendo. Não seria possível ter tanta sorte se não fosse um líder muito resiliente. Luís Montenegro ao longo do seu percurso político mostrou muitas vezes essa capacidade de ir caindo e de se conseguir levantar. Aliás, há uma passagem do texto, em que ele próprio fala sobre isso e sobre aquele período que se seguiu à derrota com Rui Rio, em que o próprio assume que achava que as coisas teriam terminado naquele momento. É verdade que depois há uma eleição interna entre Rui Rio e Paulo Rangel e se nos recordarmos muita gente dizia que Paulo Rangel iria vencer facilmente aquelas eleições, depois também há a dissolução da Assembleia da República por causa do chumbo do Orçamento, há novas eleições internas e Rui Rio consegue vencer facilmente e depois António Costa tem a maioria absoluta. Este conjunto de eventos também permitiu a Luís Montenegro regressar com uma outra força ao contrário do que era de esperar. O que se esperava é que estivesse na oposição durante quatro anos para mais tarde enfrentar eventualmente Pedro Nuno Santos noutras circunstâncias, nunca dois anos depois de chegar a líder do PSD.

No livro admites que Luís Montenegro é fruto do partido que lidera, já que o PSD sempre foi uma máquina de devorar líderes…

Rui Rui até conseguiu contrariar um bocadinho essa ideia. Ganhou três eleições internas, memo tendo perdido várias eleições nacionais. É uma exceção à regra, mas Luís Montenegro chegou a estar com muitas dificuldades em se afirmar nas sondagens e em convencer muita gente do partido, em que os prognósticos sobre ele eram muito reservados. E em relação à hipótese de vir a perder as Europeias, Luís Montenegro chegou a dar uma entrevista, onde assumiu que talvez não fosse capaz de ganhar as Europeias e, mesmo assim, dizia que tinha vontade de se candidatar. Ora tenho muitas dúvidas que o PSD, sendo o partido que é, permitisse a Luís Montenegro continuar se perdesse essas Europeias. 

Mas tem como desafio ultrapassar a ideia da troika e do bom aluno que, muitas vezes, tem sido usado como arma de arremesso nos debates, já que era líder parlamentar do PSD nessa altura…

Havia essa expectativa de como é que Luís Montenegro conseguiria afastar-se da imagem de ter sido o ponta-de-lança do ‘passismo’ e desse momento difícil do país. Luís Montenegro tem feito essa descolagem desde há muito, aliás, no primeiro discurso que faz como líder do PSD já ensaia esse afastamento em relação a essa imagem. Depois houve uma aproximação a Aníbal Cavaco Silva que também serviu este propósito, ou seja, Luís Montenegro percebe muito mais o legado do que é ser herdeiro legítimo de Cavaco Silva do que propriamente de Pedro Passos Coelho. Esse processo foi importante porque, apesar da imagem de Cavaco Silva para a minha geração não ser aquele primeiro-ministro do final dos anos 80 e princípio dos anos 90, para uma fatia muito importante do eleitorado português e para aqueles que já são pensionistas hoje ou que vão ser num futuro próximo ainda guardam com algum carinho esse tempo. Luís Montenegro faz esse processo de distanciamento em relação a Pedro Passos Coelho e de aproximação a Cavaco Silva que culminou com aquele congresso em que Cavaco apareceu, algo que não acontecia creio há mais de duas décadas. E se, por um lado, há um lado de convicção nessa aproximação, por outro, há um lado tático em afastar o PSD daquele período da troika e do ‘passismo’. Havia a expectativa de perceber como é que Luís Montenegro resolvia a questão de Pedro Passos Coelho e a verdade é que o incorporou nos primeiros dias de campanha para, de alguma forma, matar o assunto e acabar com a especulação que existia e que existe quanto à relação entre os dois. Pedro Passos Coelho fez um discurso a focar temas como a imigração, associando à insegurança e isso agitou muito a esquerda, obrigando Luís Montenegro a fazer um discurso, não deixando cair Pedro Passos Coelho. É verdade que só a mera aparição de Passos Coelho agitou logo o fantasma da troika. Houve um episódio nesta campanha em que duas pensionistas abordaram diretamente Luís Montenegro e lembraram o corte que foi feito nas pensões, o que obrigou o líder do PSD a tentar dizer que não tinha sido bem assim e a fazer promessa de que se algum dia tiver de cortar pensões que se demite. É importante para o PSD, que quer disputar estas eleições, este processo de se reconciliar e foi essa a expressão usada por Luís Montenegro para atrair esse eleitorado mais velho que ainda tem muito presente os tempos da troika. 

Montenegro acaba por ir ao encontro da ideia dos barões do PSD. É uma tentativa de recuperar o ADN do partido? 

Luís Montenegro fala precisamente disso no primeiro discurso enquanto líder do PSD, na tal necessidade de se encontrar com as raízes do partido, aquele partido que falava para a classe média. Aliás, não será exagerado dizer que Cavaco Silva ajudou ou, pelo menos, deu as condições ou contribuiu para que essa classe média nascesse em Portugal ou que existisse de uma forma mais evidente. Nesse primeiro discurso, Luís Montenegro fala logo da necessidade do partido de se reconciliar com o ADN que sempre caracterizou o partido, deixando cair aquela pele que se colou entretanto ao PSD de ser mais liberal ou de ser mais à direita, um pouco à semelhança do que Rui Rio tentou fazer. Se nos recordarmos, Rui Rio tentou, várias vezes, dizer que o PSD tinha de ser um partido de centro só que a forma como o fez é manifestamente diferente da de Luís Montenegro que, em vez de entrar nessa discussão se o PSD era de direita ou de centro tentou pela prática, pelas propostas que foi apresentando para devolver ao PSD esse espaço, onde se ganham eleições. Até prova em contrário, é ao centro que se ganham as eleições e isso é válido para Luís Montenegro como é para Pedro Nuno Santos. Esse esforço foi feito desde o início e Cavaco Silva teve um papel importante nesse aspeto.

Em relação a Rui Rio há a ideia que Luís Montenegro faria sombra à sua liderança…

Há aquele momento em que Luís Montenegro hesita em suceder a Pedro Passos Coelho. É ele o grande favorito ou, pelo menos, o preferido de Pedro Passos Coelho. Havia a convicção de que se Luís Montenegro avançasse, nessa altura, ganharia facilmente contra Rui Rio. Mais uma vez, não sabemos se teria sido assim ou não, Montenegro hesitou por entender precisamente que não poderia ser a continuidade do ‘passismo’ sem Passos e achava que isso iria virar-se, de alguma forma, contra ele. Hesita naquela altura, mas assim que Rui Rio derrota Pedro Santana Lopes no congresso, Luís Montenegro faz um discurso em que se assume claramente como a sombra do então novo líder do PSD. Há duas frases marcantes que diz a Rui Rio: uma que não deveria ter medo da sombra porque a sombra só incomoda os fracos e essa é uma frase fortíssima e outra é que não irá pedir licença a ninguém no dia em que quiser avançar. Logo aí afirmou-se como o líder da oposição interna a Rui Rio.

No congresso em que o tentaram calar?

Não, esse foi já no congresso em que Luís Montenegro perde para Rui Rio. Há um primeiro congresso entre Rui Rio e Santana Lopes, em que ganha Rui Rio e Luís Montenegro faz esse discurso. Depois há um erro que é assumido pelo próprio, em que Luís Montenegro tenta precipitar a queda de Rui Rio naquele conselho nacional muito violento, já depois de Rui Rio ter perdido eleições. No tal congresso em que Luís Montenegro sobe ao palco, é apupado, tentam-no calar, Pedro Pinto chega a ameaçar cortar o som da régie. Isso foi há quatro anos. É também revelador não só o que é a política e o imprevisível que é a política, mas também o que é a natureza do PSD, em que há menos de quatro anos estava a apupar Luís Montenegro, há meia dúzia de meses estava a dizer que iria cair a seguir às europeias e agora está mais do que unido em torno do líder. Neste momento, já não falta quase ninguém juntar-se à campanha de Luís Montenegro, há a convicção que vai ganhar e que é preciso rumar para o mesmo lado. Isso também é um sinal do que é o PSD.

Mas que nem sempre conta com o apoio de Marcelo Rebelo de Sousa e de Luís Marques Mendes…

São relações antigas. Luís Marques Mendes é amigo de Luís Montenegro há 25 anos, foi convidado para o seu casamento, mas já estiveram em lados opostos da barricada. Luís Montenegro já lhe tirou o tapete e vice-versa, mas são muito próximos, no entanto, nem sempre essa relação foi fácil, precisamente por causa da questão do Chega. Luís Marques Mendes é da fação do PSD que entendia que a ambiguidade em relação ao Chega era um erro e isso marcou alguma tensão inicial entre os dois, a partir do momento em que a questão ficou resolvida, os dois parecem perfeitamente alinhados. Também com Marcelo Rebelo de Sousa, a relação é de alguma proximidade, aliás, no livro é relatado como os dois chegaram a almoçar durante umas férias no Algarve e como Luís Montenegro esteve na tomada de posse de Marcelo, em que há uma foto em que está ele, Luís Campos Ferreira e Luís Marques Mendes com uma dedicatória de Marcelo para os três, como também havia almoços frequentes no Palácio de Belém com estas e outras figuras. Portanto, a relação sempre existiu e era próxima. E Marcelo já como Presidente da República foi à cerimónia de homenagem em Espinho a Luís Montenegro. É Marcelo que discursa e diz que Montenegro é o futuro do partido, no entanto, quando chega à liderança do PSD, a relação nem sempre foi fácil e nem sempre foi pacífica. Marcelo, à semelhança de Marques Mendes, entendia que o PSD devia cortar de vez com o Chega e até Luís Montenegro dar esse passo é verdade que existiu bastante tensão entre os dois, como se via nas notícias e na forma como Marcelo falava em público.

Dava bastantes recados…

Marcelo Rebelo de Sousa chegou a dizer que ainda não havia uma alternativa clara ao Partido Socialista, o que caiu naturalmente muito mal junto da equipa de Luís Montenegro.

Recuando à entrada dele no Parlamento dizes que chegou a entrar mudo e a sair calado, mas que a pouco e pouco criou uma rede de apoio que ainda hoje são leais. Hugo Soares é um deles?

Hugo Soares mais tarde. Luís Montenegro, à semelhança do que acontece com muitos deputados inexperientes, foi fazendo um discurso de afirmação. Luís Montenegro conseguiu afirmar-se melhor no Parlamento do que propriamente em Espinho, onde começou o seu percurso político. Começa na JSD de Espinho, depois muito jovem torna-se líder da concelhia do PSD em Espinho, candidata-se duas vezes à câmara e perde. Na segunda já contava com a vitória e mesmo assim perdeu, rapidamente percebeu que o seu percurso político teria que passar pela Assembleia da República e aí vai crescendo paulatinamente à medida que os anos passam até se tornar líder parlamentar de Pedro Passos Coelho com a particularidade de não ter sido a primeira escolha de Passos. Aliás, o processo está relatado no livro e foi Luís Montenegro quem ligou a Pedro Passos Coelho a dizer que gostava muito de ser líder parlamentar. É um processo um bocadinho atípico, mas também as questões divergem. Há quem diga que Pedro Passos Coelho não tinha alternativa, há quem diga que Pedro Passos Coelho confiou a missão. Uma coisa é certa, se Passos Coelho não quisesse Luís Montenegro não teria sido líder parlamentar, mas claro que foi ele quem ligou e tomou a iniciativa de dizer que queria ser líder parlamentar. Mas isso é público, os dois já falaram publicamente sobre isso e Passos também já disse que Montenegro não teria sido a escolha dele, mas isso contribuiu muito para a afirmação de Montenegro no partido, porque aí sim conseguiu criar a sua rede de contactos que ainda hoje o rodeiam. E todas as pessoas com quem falei desse período lhe reconheceram um grande espírito de equipa, de construir pontes e de muito trabalho. Uma das características que atribuem sempre a Montenegro é a capacidade de trabalho e de foco e foi essa imagem que permitiu que estivesse onde está agora. 

E que estudava muito os assuntos…

Ouve muito as pessoas que o acompanham, permite o diálogo, o debate, mas as pessoas que trabalham com ele e também o próprio dizem que quando é para tomar uma decisão é muito solitário. Toma a decisão muitas vezes sozinho, ou seja, absorve a informação, percebe a sensibilidade, mas quando é para tomar uma decisão é ele que a toma. 

O livro aborda também as suas origens…

Há um lado em Luís Montenegro que acho que esta campanha está de alguma forma a ajudar a contrariar, não sei se por mérito dele se por fruto das circunstâncias em que há mais atenção, em que as pessoas estão mais dispostas a ouvi-lo, mas houve sempre uma enorme frustração em Luís Montenegro desde que se candidatou pela primeira vez contra Rui Rio que é a ideia que ficou colada à pele que é um tipo frio, calculista, que está sempre a pensar no próximo passo e que é incapaz de gerar empatia. Isso é reconhecido por ele e também era reconhecido antes da campanha pela equipa que o acompanha de mais de perto. Esse lado mais pessoal ajuda a explicar essa frustração que existe porque todos que o conhecem de forma mais íntima – amigos, família, os companheiros de liceu com quem ainda mantém relação – dizem que é um tipo muito preocupado com os outros, com os seus mais próximos. Há vários episódios que contam isso, a história de cozinhar lampreia para os amigos, que nunca tinha cozinhado, num domingo chuvoso, em que ficou 3h à volta dos tachos enquanto conversava com as pessoas, depois a própria forma como tenta sempre proteger o núcleo familiar – mulher e filhos – que sofreram muito com a sua exposição à política. 

Chegou a servir atrás de um balcão, em que o pai não queria e chegou-lhe a oferecer o mesmo ordenado de 75 contos por mês…

Cresceu numa família bastante confortável na vida e isso é assumir o óbvio, mas Luís Montenegro quis sempre manter alguma independência financeira em relação aos pais e procurou sempre trabalhar. Primeiro como nadador-salvador, depois a servir às mesas, antes disso quando trabalhava na quinta dos avós no Douro queria receber o mesmo que os homens mais velhos. Foi sempre alguém muito obstinado e é uma característica que ainda hoje Montenegro tem, segundo os que são próximos. Essa personalidade foi sendo moldada ao longo dos anos, primeiro como criança, depois como jovem adolescente e mais tarde como adulto. No entanto, Luís Montenegro teve sempre essa vontade de ser independente. 

O seu percurso também foi afetado com as investigações do Ministério Público em relação aos benefícios fiscais que terá recebidos para construir uma casa de família…

O caso da casa de Espinho mexeu muito com ele, precisamente por aquilo que dizia anteriormente, Luís Montenegro tende muito a proteger a sua família. Esse caso atingiu a família diretamente e conto no livro que foi a mulher que teve de interpelar a equipa de reportagem que estava à sua porta. É uma invasão de privacidade obviamente e isso mexeu muito com ele, sobretudo porque Luís Montenegro apesar de ser uma pessoa que nasceu numa família com bons rendimentos não gosta da ideia que, muitas vezes, tentam atribuir que é um político como os outros, que anda aqui a ganhar dinheiro à custa da política, que enriqueceu de forma moralmente duvidosa. Quando foi atacado isso mexeu profundamente com ele, não sabemos que desenvolvimentos terá o caso, mas fez aquele esclarecimento público, disse que não falaria mais no caso e até ver que se saiba não houve mais desenvolvimentos.

Por tudo o que falámos dizes que poderia ter como cognome “resistente”…

Acho que é um cognome feliz: o resistente porque Luís Montenegro nunca foi exatamente um predestinado. Aliás, se olharmos para o percurso prova isso mesmo. Foi alguém que perdeu quase tudo o que tinha para perder a nível local, perdeu as eleições diretas contra Rui Rio quando achava que ia ganhar, achava que o seu percurso a este nível tinha acabado de forma muito precoce e estava a preparar a mudança de chip e o regresso à vida profissional, mas com alguma sorte, é verdade, com muita resiliência à mistura conseguiu sempre voltar. E agora está em vésperas de eleições legislativas aparentemente em condições muito positivas para as ganhar. É alguém que tendo muita sorte também a procurou, o que mostra uma grande resistência. Agora se será suficiente para ganhar eleições e para ser um bom primeiro-ministro só o tempo o dirá.