Marcelo adota low profile até ao fim da crise

Ainda antes de anunciar que seria candidato à Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa desdobrou-se em iniciativas pelo país fora ao longo dos últimos meses. Mas com o anúncio da candidatura já feito a ideia agora é manter a campanha do professor em registo mínimo até ao final de novembro: uma única ação por…

O antigo líder do PSD sempre disse que tomaria uma decisão depois das eleições legislativas mas, segundo alguns dos seus conselheiros mais próximos, viu-se ‘obrigado’ a  anunciar a candidatura mais cedo do que previa. Duas razões à cabeça justificaram desde logo esta antecipação de calendário: tapar o caminho a outros proto-candidatos à direita – como era o caso de Rui Rio, que escassos dias depois anunciou que não avançará para Belém­; e, sobretudo, evitar estar numa posição em que tivesse de comentar a crise política que se estava já a desenhar depois do resultado das legislativas de 4 de outubro.

Aliás, Marcelo tudo fará para fugir até onde lhe for possível e não responder à pergunta: o que faria se estivesse no lugar de Cavaco Silva? Desde logo escudando-se na própria qualidade de candidato à Presidência. E até porque ainda não está afastado o cenário de ter de vir a tomar mais à frente alguma decisão sobre esta matéria caso seja eleito.

Esta semana, porém, o professor reconheceu que está a perder «um grande momento enquanto comentador político». E limitou-se a alertar para o que considera ser «uma responsabilidade muito pesada para os protagonistas políticos, naquilo que dizem ou não dizem e nas escolhas que têm de fazer».

À pesca de votos à esquerda

Entretanto, o candidato à Presidência da República participa amanhã naquela que será a sua primeira iniciativa de campanha em Lisboa, desde que anunciou a candidatura no dia 9 em Celorico de Basto.

A Voz do Operário, um bastião da esquerda – já que tradicionalmente é o palco do PCP_e BE para realizarem iniciativas, como aliás sucedeu com a CDU na última campanha para as legislativas – foi o local escolhido para um comício que decorre pelas 18h. Esta poderá ser vista como uma tentativa para a candidatura do professor arrecadar apoios mais à esquerda. Para o próximo fim de semana já está a ser preparada mais outra iniciativa deste género que irá realizar-se noutra cidade do país.

A ideia passa por promover uma ação de campanha por semana até ao final de novembro. Segundo fonte da candidatura, o professor tem aulas e vários outros compromissos profissionais até ao dia 20 de novembro e pretende que estes decorram com normalidade.

Só a partir daí será expectável que a campanha do antigo líder social-democrata acelere.

A sede única

A campanha de Marcelo será feita num registo de «recursos mínimos», como o SOL já escreveu. E nesse mesmo sentido também vai contar com uma única sede nacional, localizada em Lisboa, a inaugurar apenas no final de novembro. A candidatura do antigo líder do PSD não contará com quaisquer sedes de campanha distritais.

Marcelo ainda não tem também uma estrutura de campanha montada. E quanto ao processo de recolha de assinaturas para formalizar a candidatura a Belém junto do Tribunal Constitucional ainda não está em curso, mas deverá arrancar na próxima semana.

No sábado passado, o ex-comentador televisivo realizou a sua primeira ação oficial de campanha, depois do anúncio da candidatura, e o local escolhido foi o mercado Ferreira Borges no Porto. O momento foi aproveitado por Marcelo para deixar a garantia de que não vai pedir «apoio a nenhuma entidade partidária ou não partidária».

sofia.rainho@sol.pt